Muitos dos nossos atores e atrizes das séries contam com longas carreiras de sucesso no mundo do teatro, nomeadamente na Broadway. Infelizmente, cá em Portugal não é possível assistir às famosas peças de que tanto ouvimos falar, mas em homenagem ao Dia Mundial do Teatro, que se celebra hoje, decidi escolher dez nomes dos palcos e dar-vos a conhecer os seus percursos nesta área da representação. Alguns vocês certamente já saberiam que se destacavam como atores de teatro, mas talvez outros vos surpreendam mais.
Audra McDonald: Atualmente, Audra pode ser vista em The Good Fight, mas os palcos do teatro permitiram-lhe brilhar e ser reconhecida pelo seu talento. Ela é a pessoa mais galardoada da Broadway, tendo vencido seis prémios Tony, o equivalente do teatro aos Óscares. Três destas vitórias tinham sido conseguidas por Audra com a jovem idade de 28 anos. Também é a única a ter vencido nas quatro categorias possíveis: Melhor Atriz em Peça de Teatro, Melhor Atriz Secundária em Peça de Teatro, Melhor Atriz num Musical e Melhor Atriz Secundária num Musical. Audra destaca-se ainda como soprano, tendo participado em várias óperas. São mais de vinte as peças em que a atriz participou, nomeadamente Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Streat, Dreamgirls, Henry VI e Lady Day at Emerson’s Bar and Grill.
Denis O’Hare: Membro frequente do elenco de American Horror Story, Denis dá também cartas no mundo do teatro e conta com um Tony Award, que ganhou com a peça Take Me Out, no seu currículo. O enredo é passado em grande parte no balneário de uma equipa profissional de basebol e explora temas como a homofobia, o racismo e a masculinidade. A versão original desta peça estreou em 2002, mas, mais de 15 anos depois, o tema revela-se extremamente relevante. Denis participou em peças como An Illiad, uma adaptação da obra de Homero; Cabaret, um musical passado em Berlim, no ano de 1931, altura em que os nazis viam o seu poder aumentar; e em Into the Woods, mais uma vez um musical, sendo que este já inspirou também um filme.
Kristin Chenoweth: A sua carreira no teatro é já bem longa, mas o seu papel mais conhecido será o de Glinda, a Bruxa Boa do Sul, no musical Wicked. No entanto, o ano de 1999 foi aquele que valeu a Kristin um Tony pelo seu papel em You’re a Good Man, Charlie Brown, que – como se pode perceber pelo nome – conta com os famosos personagens criados por Charles M. Schulz. Tal como Audra, também Kristin está ligada à ópera, área a que dedicou estudos antes de ter ingressado no teatro musical. E por falar em ópera, uma de muitas peças que constam no currículo de Chenoweth é Phantom, uma adaptação do livro The Phantom of the Opera, que já deu origem a inúmeras produções teatrais e um filme. Em 2016, é a protagonista de My Love Letter to Broadway, uma peça que corresponderia ao género que aqui em Portugal conhecemos como teatro de revista, escrita propositadamente para ela.
Lea Michele: A estrela de Glee era ainda uma criança quando se estreou na Broadway, no papel da pequena Cosette, em Les Misérables, musical ao qual voltaria cerca de dez anos depois, mas como Éponine Thénardier. Pelo meio, entrou em Ragtime; The Diary of Anne Frank, onde deu vida à personagem principal; Spring Awakening, onde contracenou com Jonathan Groff, com quem viria a trabalhar em Glee; e Fiddler on the Roof, entre outros. Já na altura de Glee, em 2010, entrou no musical The Rocky Horror Show, que foi homenageado num episódio da série.
Lily Rabe: A atriz de American Horror Story estreou-se nos palcos, a título profissional, em 2002, ao lado da mãe, Jill Clayburgh, que fez sucesso no teatro, mas também no cinema, tendo sido nomeada para dois Óscares. Lily já foi nomeada para os Critics Choice Awards, bem como para os Tony pelo seu papel na peça The Merchant of Venice, e para os Drama Desk Awards, outros prémios importantes do mundo do teatro. Entrou também em Colder Than Here e Crimes of the Heart, sendo que nestas duas contracenou com Sarah Paulson; Steel Magnolias, que também já foi adaptada ao cinema; Seminar, centrada num pequeno grupo de escritores a frequentar um seminário de escrita; e Miss Julie, entre outras peças.
Mandy Patinkin: Não sei porquê, mas para mim teria sido difícil imaginar o Saul de Homeland como ator de teatro. A carreira de Mandy nos palcos da Broadway começou em 1977 – bem antes de muitos de nós terem sequer nascido – na peça The Shadow Box. Mandy tem também dotes enquanto cantor, tendo ganho o Tony de Melhor Ator Secundário num Musical pelo papel em Evita, uma peça sobre a vida de Eva Péron, a esposa do presidente argentino. Quatro anos mais tarde, em 1984, Patinkin voltaria a ser nomeado para um Tony pelo seu trabalho noutro musical, Sunday in the Park With George, mas como protagonista, só que dessa vez não levou o prémio para casa. O mesmo aconteceu em 2000, com The Wild Party. Depois dos anos 90, a sua presença nos palcos torna-se bem menos regular, provavelmente por coincidir com a altura em que se dedicou mais à televisão.
Mary-Louise Parker: De momento parece estar a fazer uma pausa do pequeno ecrã, mas durante oito temporadas deu vida à protagonista de Weeds. No entanto, antes de se ter tornado um rosto conhecido do mundo das séries, Mary-Louise já tinha alcançado o sucesso nos palcos. Estreou-se como atriz de teatro na viragem da década de 80 para a de 90 nas peças The Art of Success e Prelude to a Kiss, que foi um bom prelúdio. Não só esta segunda peça lhe valeu uma nomeação para os Tony como lhe garantiria vários papéis no cinema. O reconhecimento com um Tony só chegaria em 2001, com Proof, também já adaptada ao cinema (bem, parece que a maioria das peças passam para o grande ecrã!). Do seu currículo constam também Dead Man’s Cell Phone ou, mais recentemente, The Sound Inside, que estreou no ano passado, mas mais haveria a mencionar numa carreira com cerca de vinte anos.
Neil Patrick Harris: Muito antes de ter sido o nosso Barney Stinson, Neil estreou-se no teatro, em 1997, com o musical rock Rent. Foram várias as peças em que entrou, como Romeo and Juliet, onde interpretou Romeo; Sweeney Todd; Assassins, no qual deu vida a Lee Harvey Oswald, o assassino do Presidente Kennedy; ou Amadeus, onde assumiu o papel do famoso compositor Wolfgang Amadeus Mozart. Bem, nunca estive muito a par da quantidade de produções teatrais que se fazem nos Estados Unidos, mas ao investigar para escrever esta rubrica apercebi-me que são várias as vezes em que uma peça é adaptada ao longo dos anos. Assim sendo, apesar de algumas peças serem mencionadas relativamente a atores diferentes, não significa que tenham contracenado e que se trate da mesma versão. O seu mais recente papel no teatro, no musical Hedwig and the Angry Inch, valeu a Harris um Tony pelo seu papel de uma cantora transgénero de uma banda de rock. No entanto, o contacto de Neil com o teatro não se prende apenas com a representação: encenou duas peças, Rent – uma versão diferente daquela em que representou – e Nothing to Hide, e foi o apresentador dos prémios Tony em vários anos: 2009, 2011, 2012 e 2013.
Sara Ramirez: A carreira de Ramirez não é tão extensa como a de alguns dos nomes já aqui mencionados, mas é a prova de que quantidade não é (ou não tem que ser) qualidade. Pisou pela primeira vez os palcos da Broadway no papel de Wahzinak em The Capeman (1998), um musical de Paul Simon e Derek Walcott. A sua primeira nomeação para um prémio de prestígio, os Outer Critics Circle Award, surgiu no ano seguinte, com The Gershwins’ Fascinating Rhythm. Posteriormente, vestiu a pele de Felicia em A Class Act, uma biografia musical, e teve uma participação em Dreamgirls. Já fora da Broadway, foi ainda possível vê-la em The Vagina Monologues e noutras peças menos conhecidas como The Game e Barrio Babies. Spamalot, baseado no filme Monty Python and the Holy Grail, foi o musical que lhe valeu um Tony pela sua interpretação de Lady of the Lake, corria então o ano de 2005.
Victor Garber: Bem, até eu começo a ficar familiarizada com o nome de algumas peças como The Shadow Box, Sweeney Todd ou Assassins. Já aqui tinham sido mencionadas e voltam a sê-lo, uma vez que são alguns dos trabalhos na longa lista de papéis de Garber no teatro. Estreou-se nos palcos na década de 70, fez várias peças, entre elas Godspell, que seria também adaptada ao cinema com Victor no elenco, e continuou um ator prolífico de teatro até aos anos 90. Apesar de não ter ganho nenhum prémio Tony, foi quatro vezes nomeado: com Deathtrap (1978), Little Me (1982), Lend Me a Tenor (1989) e Damn Yankees (1994). Apesar de o século XXI não ter trazido a Victor muito trabalho nos palcos, ainda o ano passado o ator pôde ser visto no musical Hello, Dolly, que conta a história de uma matchmaker que tenta encontrar a pessoa certa para um homem rico.
Ficaram surpreendidos por saber que estes atores e atrizes fizeram carreira no teatro? Podem partilhar connosco outros que só recentemente tenham descoberto que também pisaram os palcos.
Diana Sampaio