Vikings está de volta com a segunda metade da 5.ª temporada, a primeira que não contou com a presença do nome maior da série, Ragnar Lothbrok. Foi um regresso morno, com os típicos “jogos de tabuleiro” com definição das peças disponíveis para cada frente. A verdade é que os inícios mornos significam pouco, pois Vikings também já nos habituou a desenvolver-se em crescendo até às grandes batalhas de mid-season e season finale.
Principiamos no rescaldo da batalha com que nos tínhamos despedido da série no início deste ano. Numa batalha de proporções épicas, com importantes confrontos fraternais, a balança tinha pendido para o lado de Ivar e havia sido Rollo a peça determinante neste desfecho.
Confesso que, a certo ponto, as motivações de cada um tornam-se bastante confusas. Vejamos o caso do Bispo Heahmund, que vinha do exército de Ivar e se apresenta agora do lado de Lagertha ou dos conflitos de interesses dos vários filhos de Ragnar, que se dividem agora entre os dois lados (dois de cada lado) e, principalmente, dúbio, Rollo. O leque de motivos para escolher um lado vão-se somando entre desejo de vingança, decisões estratégicas e políticas, desejo de poder, desejo de sangue, pura loucura ou receio, mas nem sempre é claro para cada uma das personagens, o que torna certas alianças forçadas.
Neste momento, assumo-me como team Lagertha, não só por admirá-la e a alguns dos seus aliados, mas também porque a oposição reúne personagens que me foram irritando cada vez mais, especialmente Hvitserk, que é claramente um fraco, subjugado à manipulação do “cerebral Ivar” e Harald, que trocou uma forte relação com o irmão por glória incerta. Mas a verdade é que o lado de Ivar se apresenta em melhor forma. Veremos se esta aposta de Lagherta em Inglaterra lhe corre bem e se se conseguem reerguer das cinzas ou se os deixa ainda mais em perigo.
E, finalmente, o testemunho que dá nome ao episódio – A Revelação – no momento em que foi introduzido, para mim, não faz sentido nenhum. Após cinco temporadas e logo após ajudar a derrotar Lagherta e Bjorn, vir Rollo dizer que é o pai do suposto “primogénito” de Ragnar gera uma dúvida que não acrescenta muito e quanto a mim tem pouco sentido. Conhecemos Ragnar e Lagertha com um Bjorn rapaz, nunca fomos ao momento do romance em que Lagherta engravidou, mas a ligação entre os dois naquela fase inicial da série e a personalidade e determinação de Bjorn faz-me duvidar seriamente que ele pudesse ser filho do traiçoeiro Rollo.
E o que é aquela caracterização de Rollo? O aspecto visual de Vikings, com os cenários e guarda-roupa típicos é sem dúvida um dos pontos mais fortes da série, mas o “envelhecimento” das personagens deixa bastante a desejar.
Só no final desta metade será possível fazer um balanço justo do impacto da falta daquele que foi, até esta temporada, o personagem principal, mas até acho que a série conseguiu reinventar-se até certo ponto para manter o interesse, apesar de nunca chegar ao nível de qualidade que teve com Travis Fimmel em cena.
André Borrego