[Contém spoilers]
The Beginning is the End is the Beginning, um trocadilho sobre as voltas da vida, talvez, vidas com final próximo do início e novos inícios após outros finais. Foi um episódio com “inícios” animadores e entusiasmantes, mas também com alguns “fins” que de certo modo podem vir a ser uma desilusão, quanto a mim. Mas entre avanços nas histórias que nos têm vindo a ser contadas, afirmações rumo a novas fases e princípio do fim de alguns ciclos, o destaque vai para os inesperados últimos minutos do episódio que conseguiram surpreender verdadeiramente.
Começo pelo ciclo de que não gostei. Estamos a aproximar-nos a passos largos para o final desta jornada de Randall na campanha política e, sinceramente, não acho que esta página tenha adicionado algo realmente a tudo o que tínhamos já visto de Randall. Teve momentos bons e o debate deste episódio é, sem dúvida, um deles: a atitude de Randall ao tentar chegar a desconhecidos em necessidade é louvável, mas esta jornada teve um preço familiar e essa era a parte da vida deste núcleo de que mais gostava e admirava. E se o facto de Randall ir dormir ao sofá seguido da cena, no momento futuro, que nos está a sugerir que o casal perfeito Randall/Beth está separado/divorciado, então é uma derrota do amor e é uma mensagem bastante negativa que a série transmite, vinda de onde menos se espera, mas esperemos para ver o que realmente significa.
Neste núcleo, ressalvo a ascensão da Tess como uma personagem com um papel e mensagem importante de tolerância e afirmação sobre sentimentos naturais de uma pessoa que sente atração por pessoas do mesmo sexo, com a particularidade de estar na fase das descobertas, dos receios, das incertezas, em plena adolescência. E com o núcleo futuro, parece-me que Tess tem aqui espaço para crescer na série e ganhar um papel de destaque. E que bom foi ver a relação avó/neta, algo que não tinha sido explorado até aqui, mas a relação de avó/avô com os netos é sempre algo com um potencial de companheirismo e amizade onde quase tudo é permitido, porque as regras e os limites ficam maioritariamente a cargo dos pais.
Em contraste com a missão de Randall para esta temporada, tenho gostado bastante da demanda de Kevin em busca do passado do pai para apagar fantasmas do passado e sentir-se bem consigo próprio. E quem procura sempre alcança é um chavão, mas a vontade derruba muitas barreiras e Kevin tem dado uma prova disso mesmo e as respostas começam a aparecer.
Kate e Toby, depois dos “baixos” da depressão de Toby e da angústia pré-gravidez de Kate, são neste momento o núcleo mais amoroso e enternecedor da série e tem sido emocionante assistir às suas pequenas vitórias. Tomara que continue tudo a correr bem, já merecem!
Com este episódio a série chegou ao meio da temporada, chegámos ao hiatus e só a 15 de janeiro teremos os Pearson de volta. Antes de se despedir, a série conseguiu surpreender-me. Se no passado fomos desde cedo preparados para a morte de Jack e fomos sendo direcionados para esse momento, neste caso poderíamos pensar que a fórmula se estava a repetir rumo à morte de Nick. É uma agradável surpresa e uma boa reviravolta podermos ter Nick junto do núcleo do presente, em episódios futuros. Não será o nosso irmão Pearson preferido, mas convenhamos que há muito a explorar e descobrir aqui. E com este mistério desvendado, a grande dúvida que paira neste momento em This Is Us é saber o estado actual das relações dos casais Kate/Toby e Beth/Randall. Uma possível pista são os dedos de Randall e Toby, sem aliança no dedo nas cenas futuras, mas acho que está tudo mesmo em aberto e saberemos toda a verdade nesta visita a Rebecca. Assim sendo, com um episódio cheio de twists, a série desvenda uma série de segredos enquanto lança outros – mantendo o interesse e vontade de que regresse rápido – bem vivos!
André Borrego