Os episódios de Thanksgiving de This Is Us já nos habituaram a serem bons (não me esqueço daquele Pilgrim Rick da 1.ª temporada), geralmente são bastante atribulados e com fortes tradições e, para mim, este não foi exceção, muito pelo contrário. Six Thanksgivings pode muito bem ter sido o melhor episódio desta temporada até ao momento. Se ainda não viram, acendam as lareiras ou embrulhem-se nas mantas, presentem atenção e deixem-se envolver por um espírito bem familiar, com seis contos preciosos de seis versões de dias de Ação de Graças, com algo comum a todos: generosidade, partilha e o valor mais importante de todos: família!

Gostei particularmente da sequência escolhida para a apresentação das histórias e da ligação entre elas, bem como do modo divertido como a realizadora Catherine Hardwicke brincou com os nossos sentimentos ao mostrar-nos uma Rebecca chorosa, o que nos faria suspeitar da época daquela noite, e em seguida revela-nos que as lágrimas eram resultantes das malditas cebolas e que estamos na verdade a experienciar uma noite de família muito feliz!

Não há de facto papéis menores nesta série; já assistimos no passado ao impacto que o Dr. K teve em poucas cenas. Desta vez, o episódio ressuscita um arco que tínhamos conhecido muito ao de leve: a amizade colorida de William com o seu companheiro Jessie, que nasceu precisamente num Thanksgiving, o que enaltece um personagem que tinha tido pouco tempo de antena e dá mais espaço ao sempre bem-vindo William, que fará ainda sentido voltar para explorarmos ainda mais esta relação.

Miguel  é sem dúvida outra personagem a quem os argumentistas da série estão decididos a conceder uma oportunidade de ser mais bem compreendido. A história de Miguel foi-nos sempre apresentada do fim para o princípio e, talvez por isso, ele tenha sido mal compreendido ao início. Mas a cada atitude nova e ação que nos vai sendo dada a conhecer, pelo menos a mim só me faz mais admirar a generosidade e as  suas escolhas que, vendo-se privado da sua família, soube respeitar e retribuir o espaço e carinho que lhe foi sendo concedido pela família que nunca o abandonou, os Pearsons, que puderam também sempre contar com ele.

E se há mensagem que este episódio nos tenta transmitir é que na vida também não há papéis de menor importância e um gesto espontâneo num determinado momento pode mudar vidas – temos o caso do bombeiro que transformou a vida de Randall com a sua ação, temos o gesto de Jack numa das suas histórias de Thanksgiving, no Vietname ao possibilitar uma nova oportunidade para aquela criança e a sua mãe e que lhe valeu o famoso pendente. São heróis anónimos que podem ter um impacto substancial na felicidade e destino dos outros.

Resta-me elogiar a história de Kate, a relação e ligação com a sua sobrinha Tess numa descoberta importante na vida, a maturidade que Deja alcançou ao conseguir lidar com o passado e abraçar o presente, o altruísmo de Randall na defesa da sua mulher e o tom divertido com o regresso do velho e bom Toby!

Foi um episódio recheado de momentos agradáveis, felizes e com mensagens com as quais facilmente nos identificamos, mas a minha cena preferida foi sem dúvida o statement do jovem Randall sobre “as pessoas com mais impacto” na sua vida, enquanto saltitávamos entre imagens dos vários Thanksgivings e a distância se encurtou e a família se reuniu toda (até Kevin diretamente do Vietname e a parafrasear um gigante do cinema, Robin Williams, com uma frase facilmente reconhecível e apropriada à localização).

Neste episódio só tive pena quando acabou, porque estava deliciado a ir de história em história a assistir a verdadeiros momentos inspiradores e a celebrar com esta família um feriados com valores tão louváveis!

Well done!

André Borrego