The Innocents – 01×01 – The Start of Us
| 25 Ago, 2018

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A busca mundial da Netflix continua a dar frutos e desta vez foi na Inglaterra que The Innocents conheceu a luz do dia. Trata-se de uma série sobrenatural, com uma forte componente dramática, que acompanha uma adolescente, June (Sorcha Groundsell), na sua vida sufocante, e o seu amor secreto por Harry (Percelle Ascott).

Para não traçar opiniões tendenciosas, estou a escrever esta review com a visualização apenas do primeiro episódio de The Innocents. Ver séries na Netflix acaba por ser uma faca de dois gumes: se por um lado não temos de esperar uma semana pelo desenrolar da ação, por outro podemos abdicar da nossa vida pessoal e passar horas a ver uma série de uma assentada.

A vida pode ser claustrofóbica, mesmo quando se vive numa região que exala paraíso celta, com uma paisagem paradisíaca. Que o diga June, uma rapariga que está prestes a fazer 16 anos, cujo livre arbítrio não conhece. Sabemos que a sua mãe abandonou a família e que isso tornou o seu pai, ou padrasto (já que o irmão dela refere superficialmente que ele não é o pai), John, a controlar a sua vida de forma demasiado assustadora. Sabemos também que tem um irmão mais velho, Ryan (Arthur Hughes), que lida mal com o abandono da mãe e com a atitude super-protetora do pai/padrasto. Ryan vive num anexo da casa e tem uma deficiência num dos braços, o que lhe causa algumas dores.

O controlo de John vai ao ponto de ele acompanhar June até à escola e levá-la quase até à sala onde ela vai ter aulas, além de apenas lhe dar o telemóvel quando ela vai à escola, tendo de o devolver no fim das aulas. Apesar desta segurança apertada, June é adolescente e, como tal, arranja uma maneira de trocar mensagens com o seu namorado, Harry. A troca de mensagens mostra-nos que querem fugir juntos, já que Harry também não tem uma vida particularmente fácil. E é em torno das vidas complexas de June e Harry que se ocupa boa parte do episódio, numa tentativa de justificar a ação que se começa a desenrolar sobretudo nos minutos finais do piloto.

Este controlo de John é facilmente justificável com o segundo núcleo da série, o Sanctum. Lá vivem pessoas especiais. Tão especiais que conseguem transmutar-se e assumir a aparência de quem quiserem. Enquanto isso, a pessoa a quem roubaram a imagem fica numa espécie de catarse. O Sanctum, uma comunidade isolada, é liderada por Ben Halvorson (Guy Pearce), que não parece ter os poderes de se transmutar, mas é um cientista que pretende estudar as pessoas com este poder. E ter este poder não é fácil, já que a sua amada, Runa (Ingunn Beate Øyen), se tenta suicidar. É com eles que está Elena (Laura Birn), a mãe de June. Ao que parece, ela tem o mesmo poder e tê-lo-á transmitido à filha.

Com a ajuda de Ryan, June lá consegue fugir na véspera do seu 16.º aniversário. A fuga decorre na perfeição até que dois elementos do Sanctum entram na equação e Harry quase mata um deles para salvar a sua amada. Enquanto ele entra em choque, June volta para trás e é aqui que se dá a sua primeira transformação e ela regressa ao motel sob a forma do homem que Harry quase matou.

A narração do primeiro episódio de The Innocents aconteceu de forma lenta para contextualizar e apresentar as personagens principais. A fase inicial acabou por ser mesmo um pouco aborrecida, mas, ao que percebi, esta descrição detalhada será preciosa para entender o desenrolar do enredo nos restantes sete episódios. Isto porque o episódio termina com Harry a ser dominado pelo homem que quase matou, mas que, na realidade, e visto ao espelho, é a sua namorada transmutada. Este é o cliffhanger que nos deixa pendurados para o segundo episódio e que me vai levar a ver o segundo episódio assim que possa.

Apesar da narrativa lenta, tenho de admitir que a apresentação dos personagens neste primeiro episódio foi bem feita e serviu para contextualizar The Innocents na perfeição. Como pontos positivos temos as paisagens idílicas do norte de Inglaterra e da Noruega, o desempenho dos atores, a banda sonora e o guião. Irei acompanhar a série, já que se nota a qualidade a que a Netflix nos habituou.

Rui André Pereira

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