The Middle: One Heck of a Ride
| 30 Mai, 2018

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The Middle chegou ao fim.

Como assim? Esta frase não faz minimamente sentido, mas, infelizmente, é a realidade. Depois de nove anos, os Heck despediram-se do pequeno ecrã e não podia ter sido mais doce e simples. Esta série nunca brilhou pelo seu sensacionalismo, mas foi a maneira honesta, divertida e humilde como apresentou a história desta família que me conquistou.

Os Heck nunca foram ricos, nem os mais interessados. Aliás, a casa deles era um verdadeiro caos, o prato especial do dia eram panquecas congeladas e a atividade de família era ver televisão em modo vegetal. Contudo, levam consigo quase uma década de memórias.

Frankie, a mãe que nos divertia cada vez que tentava algo para o que obviamente não era feita. Quantos sacos azuis terão ficado perdidos em viagens de família? A verdade é que esta mãe é diferente de todas as outras da TV, porque Frankie nem sequer tenta. Ela está constantemente cansada, 90% dos seus eletrodomésticos não funcionam e é muito mais simples comer o pacote de bolachas que está escondido na mesinha de cabeceira. Contudo, não hesitava em lutar pelos seus filhos. Por muito que lhe custasse a compreender, ou até mesmo a levantar do sofá, Frankie lutava pela felicidade dos seus filhos e amava-os de uma forma diferente, mas igualmente forte.

Mike, o pai que não demonstrava os seus sentimentos. Este pai não está para sentimentalismos. Ele é prático e gosta de ver televisão em paz e sossego. Os filhos e a mulher nunca perceberam o recado e insistiam em envolvê-lo nas suas loucuras. Mike passou-se poucas vezes, mas nunca deixava de ser assustador. No entanto, apesar do seu exterior duro, Mike era um doce por dentro e conquistou-me pela forma simples como demonstrava o seu amor.

Brick, o filho estranho que vive com a cabeça enterrada nos livros. A pior parte de crescer é perceber que, em alguma parte da minha vida, eu já fui um Brick. Talvez eu ainda seja um Brick. Talvez todos sejamos um Brick. O mais novo dos Heck sempre foi o mais inteligente e observador da família. Ele atribuiu isso ao facto de ser sempre aquele que ficava de parte, mas o que Brick nunca percebeu é que ele é tão parte da família como todos os outros. A verdade é que nos Heck o estilo de vida é a “sobrevivência do mais forte”, mas quando são todos fortes, quem é que sobrevive?

Sue, a filha do meio, a eterna otimista que vive num mundo de fantasia. De todos os Heck é aquela com quem menos me identifico. Contudo, é a que sempre invejei. A sua vontade de vencer e conquistar é louvável e a sua boa disposição contagiante. Sempre lhe desejei tudo de bom, apesar de todo o seu azar. Não podia ter pedido um final mais perfeito para a personagem mais honesta, simples, genuína e dedicada da série. Sue Heck é um exemplo para todos aqueles que vivem rodeados de azar. Desistir não é opção.

Axl, o filho mais velho, a cara bonita pouco inteligente e especialista em disparates. Quando The Middle começou, apaixonei-me imediatamente por Axl, até porque ele era o bad boy com que todas as miúdas de 14 anos sonham. Mas ele cresceu. E eu também. Talvez seja por isso que o filho mais velho dos Heck tem um lugar tão especial no meu coração. De certa forma crescemos juntos: ambos passamos de adolescentes desajeitados a adultos desajeitados.

Axl foi dos irmãos Heck que mais evoluiu durante a série. Apesar de manter o sarcasmo e atitude despreocupada, começou a pensar mais no mundo à sua volta. Uma das provas disso é a maneira como a sua relação com Sue mudou. Apesar de Mike e Frankie serem couple goals, a amizade entre Sue e Axl foi a mais bonita da série. Axl nunca foi frontal sobre os sentimentos, ao contrário de Sue, que sempre foi muito vocal sobre o assunto, mas provou várias vezes o seu amor pela irmã.

The Middle é um exemplo para todas aquelas séries que se tornam cansativas e aborrecidas. Acabar quando ainda estamos em grande é o ideal. Mais vale ser relembrado como a série da qual nos despedimos com carinho do que a série que perdeu qualidade até se tornar irritante.

Queria não chorar, mas não consigo imaginar que nunca mais vou ter um novo episódio desta minha série do coração. Tudo isto para dizer: obrigada, Hecks! Obrigada por todos os sorrisos, lágrimas e gargalhadas; obrigada por todas as lições de vida; obrigada pelos últimos nove anos.

It’s been a Heck of a ride!

Beatriz Pinto

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