Edha estreia-se como a primeira série argentina na Netflix, a qual parece estar cada vez mais a entrar no caminho da produção local! A 1.ª temporada desta nova aposta conta com 10 episódios.
Começamos por conhecer Edha, estilista e narradora voz-off da série, o que desde o início me incomodou um pouco. Não sou a maior fã de voz-off, principalmente quando servem para contar a história, em vez de me mostrarem. Além disso, é dita num tom bastante monótono.
Mesmo assim, descobrimos que a mãe de Edha, Inés, foi também estilista e foi uma das suas grandes inspirações. Conhecemos também a filha de Edha, prestes a desfilar com as roupas da mãe pela primeira vez. Percebemos rapidamente que estas duas pessoas são bastante importantes para Edha, que com o resto das pessoas aparenta ser fria e ríspida.
Após sermos apresentados a todo o glamour de um desfile conceituado, a série leva-nos para uma sweatshop, um armazém escuro, onde vemos claramente trabalhadores explorados. Com mesas minúsculas, com apenas uma máquina de costura em cima e uma ventoinha que mal funciona, trabalhadores com ar miserável suam enquanto continuam mecanicamente a costurar. Pretende mostrar claramente o outro lado, o lado negro, da moda.
A série teve demasiados momentos novela para mim: uma rapariga que trai o namorado com o seu irmão, uma amiga da mãe de Edha que se suicida em público e de propósito para que Edha esteja presente, o pai que não pode ver a filha, etc. O episódio acaba com uma explosão da fábrica clandestina, sobre a qual descobrimos que Edha não fazia a mínima ideia que as suas roupas eram feitas daquela maneira. Achei esta última parte bastante interessante, porque retrata bem a distância entre os grandes criadores de moda, o topo da pirâmide, digamos, e quem faz o trabalho manual e em que condições isto acontece.
Como já devem ter percebido, o episódio não foi para mim. Foi medíocre, com atuações também medíocres e um argumento demasiado dramático. Achei que ia ter potencial nos primeiros 10 minutos e a meio do episódio já tinha perdido o interesse completo. Aplaudo, no entanto, a Netflix por estas apostas mais arriscadas, mas que se desviam das tradicionais séries americanas. Mais, por favor!
Ana Oliveira