O episódio desta semana terá sido o mais sangrento, cru e bárbaro a que assistimos nesta temporada e, depois do episódio enfadonho da semana anterior, este teria de ser assim para nos despertar para a ação que se seguirá.
Na semana anterior tínhamos ficado na chegada da armada inglesa a uma cidade de York sem vestígios do exército de Ivar. Claro que Ivar e os seus guerreiros não abandonaram Inglaterra, estavam apenas nos esgotos a esperar pelo melhor momento para atacar. Não me parece que trepar os esgotos seja muito prático para surpreender os adversários, mas os argumentistas estão determinados em escrever ou descrever os ingleses como burros, incompetentes e pouco astutos e lá se encontraram eles pela segunda vez, bem onde Ivar os queria, à sua mercê. Nova vitória para os vikings, com muitos corpos trespassados, crânios esmagados, ataques a martelo, enfim, uma “coreografia” que já faltava face ao que a série nos habituou anteriormente. Do rescaldo desta batalha, destaque para o embate directo entre Hvitserk e Aethewulf, interrompido prematuramente por outros soldados que se foram intrometendo e, como resultado, ambos continuam a respirar, terminado que estava o confronto. No entanto, já deu para perceber o prazer, mas sobretudo a imprudência, com que Hvitersek luta e que poderá ser a sua desgraça em breve. Os ingleses tiveram mais uma vez de se retirar para não serem completamente chacinados, o primo de Judith acabou mesmo por ficar entre os que perderam a vida e o bispo Heahmund foi feito prisioneiro. E aqui, alguma incoerência no perfil de Ivar? Não seria expectável que o impiedoso Ivar pusesse fim à vida do seu adversário à primeira oportunidade? Ou o estratega Ivar pensa poder retirar maiores dividendos com este trunfo sob seu poder? Não sei ao certo porque prolongou a vida do bispo, mas ainda bem que o fez, pois Ivar e Heahmund são os verdadeiros porta-estandartes dos seus exércitos e têm sido as duas melhores personagens desta temporada até ao momento, as que prometem mais.
E de Inglaterra vamos até Marrocos e à demanda de Bjorn. Continua a ser para mim o núcleo mais fraco, o mais subdesenvolvido; os acontecimentos ocorrem subitamente e descontextualizados, como se estivessem com pressa ou com falta de bons escritores. Bjorn, Halfdan e os seus companheiros chegam até ao acampamento de Ziyadat Allah, o poderoso comandante. Desta sequência há a destacar a barbaridade deste líder, que não tem qualquer pudor em decepar cabeças ou comer a carne de quem o trai ou planeia trair. E como Euphemius estaria a tentar traí-lo, acaba cozinhado e numa travessa pronta a servir. A participação de Albano Jerónimo chega assim ao fim. Foi de facto uma participação curta, que nem permitiu percebermos muito sobre a personagem; foi tudo demasiado rápido e atabalhoado e apesar do enorme esforço que terá exigido ao ator português – que teve até inclusivamente de aprender outra língua – não será uma personagem que ficará na memória de quem assiste à série. O final serviu para deixar aqui alguma expectativa, uma vez que Ziyadat Allah mandou matar Bjorn, Halfdan e o seu tradutor e a poucos instantes da sua cabeça ser afastada do resto do corpo, parecem ter sido salvos por uma tempestade de areia.
Kattegat recebe uma visita inesperado: o regresso de Floki à civilização, em busca de pessoas merecedoras de partilharem do paraíso dos deuses que ele pensa ter encontrado. Lagertha não está disposta a abdicar de nenhum dos seus guerreiros, mas Floki consegue reunir em segredo um pequeno grupo de seguidores para a sua “louca” causa.
Este episódio ofereceu-nos bons momentos de ação, mas também um enredo bem confuso no norte de África. Parece-me também que podemos estar a assistir a um embate desgastado entre vikings e ingleses, sobretudo porque o resultado dos confrontos começa a ser demasiado previsível. No entanto, começam a desenhar-se outros embates, sobretudo embates familiares, com o desejo de Ivar e Hvitserk de regressarem a Kattegat, considerando até aliarem-se a Harald Finehair; e Ubbe também está ansioso por poder “resolver” as suas discordâncias com os irmãos e, aí sim, parece-me que a temporada vai disparar para um novo nível de interesse.
André Borrego