[Contém spoilers]
“A espada era a Lei”
The Shannara Chronicles vai mantendo mais ao menos constante a qualidade da série de semana para semana. Dweller reduz um pouco o ritmo em comparação com o episódio anterior, fornecendo ainda assim bastante entretenimento com um grande desenvolvimento das personagens e com uma cena de fazer lembrar o filme “rei” da fantasia.
Esta semana seguimos três enredos principais: Bandon e Flick, que mergulham na questão do bem e do mal; Eretria, Jax e o rei Ander, que continuam a desenrolar o novelo da conspiração envolvendo o reino de Leah e os Crimson; e, por fim, Wil, Allanon e Mareth seguem em direção a Paranor para parar Bandon e salvar Flick, mas com um desvio pelo meio para recuperar o item mais poderoso das Four Lands.
De entre estes plots, aquele que ficou mais aquém terá sido o passado no reino de Leah, principalmente devido a desenvolvimentos apressados que ficam assim a parecer deslocados e forçados no contexto. Jax é uma personagem que, logo desde o momento da sua aparição, demonstrou ser interessante. É o típico caçador de recompensas com um passado perturbado e um coração de “manteiga” e se, por um lado, está a ser bom conhecer mais sobre ele e o seu passado, a mudança da sua maneira de ser foi mais que repentina. Foi compreensível ele ajudar o grupo no episódio passado quando os Crimson o maltrataram, mas não estando agora a ser pago não se percebe bem por que continua a ajudar Eretria. A chegada dos dois (Jax e Eretria) a Leah também podia ter sido lidada de melhor forma, já que transmitiu uma entrada de dois atores em cena e não a chegada de duas personagens aos estábulos. Para além de tudo isto, a atriz que faz de Lyria (Vanessa Morgan) continua a não convencer nas suas performances, tornando as cenas em que entra difíceis de se verem.
Apesar dos erros, foi interessante ver que as tramoias políticas da rainha Tamlin se estendem cada vez para grupos mais perigosos. Descobrimos agora que toda a riqueza e sucesso do reino humano parecem dever-se a um acordo passado com o Warlock Lord, ou seja, se ele realmente ressuscitar de que lado ficarão os humanos? E irá o casamento entre Ander e Lyria realmente acontecer? É certo que eles não se amam, mas parecem ter uma boa dinâmica, cada um deles querendo não só o melhor para os seus povos, mas também o melhor para o mundo em geral. A pena de morte de Edain foi um castigo justo para tamanha traição e vem realçar o verdadeiro descontentamento entre a população élfica e demonstra o porquê de tanta gente apoiar os Crimson.
Marcus Vanco era um dos pontos fracos da temporada passada, manifestando alguma imaturidade no que dizia respeito à atuação. No entanto, a melhoria nesta temporada é incrível e foi neste episódio um dos seus pontos mais fortes. Seja em que história for, vilões mal explicados e pouco aprofundados é um mal comum e é por isso que é tão importante quando vemos ser abordada a perspetiva do vilão. Bandon leva Flick à sua casa de infância, para lhe mostrar não só os abusos que sofreu em pequeno, mas para realçar que pior que isso é que a mentalidade de considerar as pessoas com magia como anormalidades e perigosas tem vindo a piorar com o tempo. Acompanhamos uma viagem triste e negra que termina numa nas cenas mais brutescas da série. “I was born damaged”.
A irmandade dos magos segue na sua aventura de resgate que os leva a enfrentar um monstro incrível e a recuperar uma arma lendária. Antes disso é preciso referir que a relação entre Wil e Eretria, que já na semana passada começou a ser explorada, está a ser lidada de maneira excelente pelos produtores; os dois demonstram laços forjados na mais difícil das situações, que superam qualquer simples amizade. Outros laços mais complicados são os de Allanon e de Mareth. Allanon pensava que era estéril, mas pelos vistos os druidas estavam enganados. Acham que Mareth é mesmo filha dele? E irá pelo menos ele aceitar treiná-la? Apesar de tudo, ela revela um potencial imenso e pode ser essencial para derrotar Bandon e o Warlock Lord. No entanto, a verdade é que, se formos sinceros, Allanon é uma besta! Nada contra Manu Bennett, que faz um papel excelente e é uma das melhores coisas da série, mas o personagem de Allanon em si é aquele que queremos amar por ser tão brutal, mas que depois tem uma atitude tão carrancuda e está sempre a tomar decisões duvidosas que começamos a criar um rancor para com ele. E nem me deixem começar a falar das suas habilidades de combate. Supostamente é um dos melhores guerreiros que existe, mas já o viram ganhar alguma luta na série? Eu só me lembro de o ver a ser sempre derrotado e a ter que ser salvo!
Lembram-se de Shelob? A grande aranha da saga de O Senhor dos Anéis com quem Frodo e Sam têm de lutar? Bem, um Dweller é uma criatura parecida, mas que consegue ser ainda mais asquerosa. Em termos de efeitos da criatura, estes estiveram bastante impressionantes, assim como a forma como esta ataca e se alimenta. Alimentando-se da dor das pessoas pudemos ver nas memórias de Wil o seu pai, Shea, a maltratar um pequeno Wil. Como diria Rumpelstiltskin em Once Upon a Time: “All magic comes with a price, dearie” e o preço que Shea teve que pagar foi se calhar demasiado elevado. O final do episódio termina com a maior das surpresas, a revelação da mítica espada de Shannara! A sua simplicidade, ao contrário do que Wil diz, ainda a torna mais impressionante, principalmente quando vemos a pedra embutida no cabo a brilhar. Que acharam da espada que deu início à lenda dos Shannara?
Para a semana somos capazes de ter episódio duplo: “Paranor” e “Crimson”. Eretria irá aprender mais sobre os seus poderes, Wil e Bandon irão confrontar-se num duelo de espadas e Shea Ohmsford está vivo e jovem? Não percam! Até lá, que as pedras élficas iluminem o vosso caminho!
Emanuel Candeias