[Contém spoilers]
A Batalha dos 5 Exércitos
Pela segunda vez, Outcast entrega-nos um season finale excelente e explosivo. Superando o material de origem em certos pontos e criando suspense tal que nos fez duvidar por instantes se não estaríamos perante um series finale, esta foi de facto uma ótima maneira de encerrar a 2.ª temporada.
Fé e fanatismo andam de mãos dadas à volta dos exércitos que se reúnem para a batalha final por Rome. Anderson reúne mais uma vez o seu “rebanho”, mas desta vez os sermões são adaptados com a nova realidade. Se o reverendo desde o início se deixa levar pelas suas emoções e transparece um certo extremismo, também não deixa de ser verdade que em tempo de guerra não há lugar para dúvida e hesitação. O grupo que conseguiu juntar com a ajuda de Giles acabou por mostrar ser a salvação de Kyle no final, realçando que pessoas comuns quando, aceitam o que está mesmo à frente dos seus olhos, podem ser uma força imparável.
Por outro lado, o grupo de Lighthouse demonstra que os nossos olhos podem estar abertos, mas com palas que apenas nos deixam ver o que os outros querem. Dakota conseguiu ver através dos enganos de Simon, mas os restantes elementos continuaram a seguir cegamente as ordens do seu “Messias”.
Simon, apenas com uma verdadeira participação no último episódio da temporada, conseguiu ainda assim ser um dos melhores elementos do season finale, assim como da temporada inteira. O seu poder de persuasão e manipulação é assustador ao conseguir convencer os outros outcasts a alinharem no seu plano insano e a sacrificarem-se para fechar o portal de entrada dos demónios na Terra. Simon ajudou também a preencher as peças que faltavam para completar a história do que se passou há 30 anos atrás e, à sua maneira, consegue-nos iludir de que ele é o herói da história. Um dos aspetos que também achei dotado de uma escrita impecável foi a interação entre Kyle e o seu pai, Simon. Este reencontro foi tratado de uma forma muito melhor do que nos comics, dando a Kyle muito mais personalidade ao receber o pai com azedume por este o ter abandonado a ele e à mãe e resistindo ao íman daquele homem que ao parecer ser bom de mais para ser verdade não nos deixa confiar inteiramente nele. O manhoso Simon vai-nos fazendo balançar a favor e contra ele ao longo do episódio, mas usando os seus conhecimentos dos poderes dos outcasts e aliciando com a possibilidade de pôr um fim definitivo à praga dos demónios consegue levar-nos à clareira da visão de Blake onde a escuridão seria derrotada de vez. Claro que nem tudo eram rosas como Simon fez crer e só o facto de ter sido ele a raptar Amber e Allison já nos vem dizer que esta é sem dúvida uma pessoa sem escrúpulos. Acham que a Team Outcast ter impedido o plano de Simon foi bom? Ou eram capazes de pagar o preço para pôr fim à invasão dos parasitas? Com várias pessoas no campo de batalha a serem possuídas de uma vez (eram os mortos ou as pessoas de Lighthouse que antes estavam imunes?) e com a mãe de Kyle, Sarah, a acordar, as perguntas para a nova temporada começam já a formar-se.
E continuam as interrogações, principalmente com a apresentação de uma nova figura que parece estar acima de Park na hierarquia. Quem é a mulher mistério? Está a trabalhar para outra fação dos demónios que não a do antigo Conselho ou age por conta própria? E é também ela uma outcast ou algo diferente?
Anjos e demónios parecem ambos ser impuros nesta série.
Se realmente aquele foi o fim do Blake é mais uma vez uma hipótese desperdiçada. Parece que os produtores de Oucast têm de parar de eliminar os seus vilões tão à pressa. Desde Aaron, o Conselho, Sydney e agora Blake, num piscar de olhos ficámos quase sem grandes personagens do lado dos demónios.
A desconfiança de Megan no irmão não sei se é paranoia ou algo mais. Mesmo com a possibilidade do filho dela nascer com escuridão dentro dele, Kyle já mostrou diversas vezes que o mais importante para ele é proteger a sua família e por isso não deveria haver sítio mais seguro para Megan e os seus filhos do que ao lado do tio.
O melhor da temporada: a evolução de Amber; todo o arco de Rose; a introdução do pessoal em Lighthouse; Anderson – “Machine Gun Preacher”; Simon, que chegou e arrasou.
O pior: a temporada demorou um pouco a arrancar a todo o vapor; Sydney partiu demasiado cedo e deixou um vazio que não foi preenchido; Allison continua a ser pouco mais que figurante.
Uma das grandes dúvidas que se põe é a continuidade desta série com a renovação para uma 3.ª temporada. Entre uma audiência já por si não muito ampla, com algumas das pessoas a queixarem-se de um ritmo mais lento da 2.ª temporada e todos os problemas associados à Cinemax e à estreia desta temporada nos EUA, as coisas estão meio negras para o pessoal de Rome mesmo na vida real. Esperemos para o ano estar de volta à guerra entre luz, escuridão e humanos. Até lá, cuidado com os sítios escuros!
Nota final da temporada: 8,2
Emanuel Candeias