O episódio “Kaniel Outis” que Prison Break nos entregou esta semana não foi muito esclarecedor quanto às dúvidas que o piloto tinha deixado, mas não deixou de ter traços clássicos de Prison Break que nos dão alento para acreditar que este mini-evento pode chegar a um nível de qualidade alto, que satisfaça os verdadeiros fãs.
Quem esperava que as quebras por explicar entre o final da temporada passada começassem a ser respondidas neste episódio, não obteve nenhum dado novo e é bem provável que tais explicações não cheguem a surgir. O foco agora é no evento presente e no seu desenvolvimento.
Poder-se-á dizer que foi um episódio mais lento que o da semana passada, mas precisamente porque o piloto teve muito a acontecer até à confirmação da sobrevivência de Michael, bem como do seu paradeiro atual, e neste episódio a ação já está focada naquilo que será o evento central, a fuga.
Um ponto indispensável e que enriqueceu este episódio face ao anterior foi o facto de termos tido muito mais Scofield e todos sabemos o quanto isso é parte da essência de Prison Break.
Mas antes de avançarmos para os detalhes que conhecemos da fuga, e as movimentações que esta já motivou, voltemos a solo americano até Sara Tancredi. Sara tem sido até ao momento a maior inconsistência deste regresso, na minha opinião. A união que tinha com Michael e tudo o que passaram juntos deveria ter deixado maior marca que a que aparenta. E digo isto não só porque tem um marido novo, mas sobretudo porque esperava uma reacção mais emotiva e uma consequente ação (quem sabe uma partida para o Iémen), quando teve a confirmação em vídeo de que Scofield estava vivo. Neste núcleo tivemos o retorno de uma cara bem conhecida, Kellerman, anterior criminoso sem escrúpulos, que se recuarmos umas temporadas sabemos que teve o seu momento de redenção, depois de uma arma não ter “tido vontade” de concretizar aquele que seria o seu suicídio. Seguiu-se a confissão total dos seus crimes, que ilibaram na altura Sara Tancredi. E no final da 4.ª temporada regressou mesmo como governador e alguém com uma nova vida, que foi capaz de conceder aos irmãos a liberdade que tanto ansiavam, ajudando a pôr fim à Companhia. Acho que nessa altura muitos dos fãs ficaram dispostos a colocar o passado para trás das costas e dar uma oportunidade a Kellerman. E não é que agora, anda outra vez a querer caçar Michael Scofield por causa de um suposto vídeo de um crime cometido pelo herói da trama sobre um agente da CIA (um vídeo que poderá ter sido manipulado à semelhança do que fizeram com Lincoln no início da série de estreia). Kellerman, vê la se te decides! Veremos que papel Kellerman terá ainda a desempenhar no desenrolar deste evento.
Regressando ao Iémen, tal como nos tempos de Fox River, o plano de fuga já fui juntando muitos seguidores e, como não poderia deixar de ser, há vilões e inclusive um líder terrorista que já se embrenharam na fuga e não querem perder esse “comboio”. Acontece que um detalhe muito importante do plano envolve as luzes da prisão e, ao que parece, alguém no exterior que pode manipulá-las não estará a cumprir a sua parte. É aí que o génio de Scofield envolve o irmão no processom enviando-lhe um dos seus típicos origami com uma mensagem subliminar que leva Lincoln e C-Note em busca dessa peça que falta no plano de Michael, o “Xeique da Luz”, o responsável da companhia elétrica e pai de um companheiro de fuga de Scofield, que teria a seu cargo desligar as luzes e mantê-los na sombra.
Acontece que o Xeique da Luz estava em plena zona de guerra, o que dificultou a missão de Lincoln e C-Note. Tiveram de se infiltrar em território inimigo e resgatá-lo, com uma missão adicional, uma vez que ele não sairia sem a sua filha, também envolta no cerco terrorista. Aqui fomos brindados com bons momentos de ação e adrenalina, outra boa cena deste episódio, apesar de ter ficado a sensação de que acabou por ser fácil demais.
Este episódio tenta sugerir que tantos anos de prisão mudaram efetivamente Michael e que ele pode estar agora próximo de ser “Kaniel Outis”, tendo-se inclusivamente aliado a um líder terrorista, mas todos conhecemos bem as convicções de Michael e esta aliança será apenas parte dos propósitos do seu plano. Michael está focado no seu plano de fuga e não perdeu nenhum do seu jeito. Com uma pastilha e uma pilha construiu um isqueiro para aquecer água e simular febre que o levasse até onde queria, a enfermaria, para conseguir morfina para que pudesse trocar por um telemóvel que lhe garantisse a entrega de uma mensagem noutro ponto do globo para Sara proteger o filho da “tempestade que se avizinha”. Isto é simplesmente Michael ao seu mais alto nível e são pormenores como este que me deixam esperançoso quanto a esta temporada.
Ultrapassado que está o problema da luz, o plano vai concretizar-se e agora é que o show vai aquecer. Que venha de lá a maior fuga de sempre.
André Borrego