When We Rise – 01×01 – Part I
| 04 Mar, 2017

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Confesso que quando vi que When We Rise – uma série que narra a história de homossexuais e transgéneros na cidade de São Francisco dos anos 70 – era da ABC, um canal público, fiquei bastante surpreendida. Normalmente uma série destas seria de emissoras como a Netflix ou a HBO, por exemplo.

É triste saber que este tipo de séries são feitas não só por entretenimento, mas também por necessidade. Vivemos num tempo em que o próprio Presidente dos Estados Unidos da América deu liberdade aos estados para decidirem se aceitariam ou não que os estudantes transgénero pudessem frequentar as casas de banho e balneários do sexo para o qual mudaram. Isto é censura, a meu ver. Estamos no século XXI, como toda a gente diz. O problema é que toda a gente continua com medo e repulsa de quem é diferente. Há muitas pessoas no mundo que ainda acham que ser homossexual é uma escolha e é anti-natura; que ser transgénero é ser uma aberração.

Bom, mas é melhor focar-me no episódio piloto desta minissérie que mistura documentário e drama. Se continuasse a falar da nova realidade que se vive nos Estados Unidos nunca mais me calava.

When We Rise é uma série ambiciosa, mas peca por ser tão longa, especialmente este primeiro episódio, que teve a duração de 83 minutos. Não diria que pudesse ser comprimida nos 40 minutos habituais, mas 60 minutos seriam suficientes.

A série tem nomes de peso. Whoopi Goldberg, Rosie O’Donnell, Carrie Preston, T.R. Knight, Denis O’Hare, Guy Pearce e Mary-Louise Parker e produção de Gus Van Sant. No entanto, neste piloto as estrelas são os ativistas ainda muito jovens. E é uma das razões pelas quais o primeiro episódio brilha, mas mais como a lua do que como o sol. Os jovens atores ainda são muito verdes, os veteranos pouco ou nada aparecem. Terei sido a única a pensar que Cleve Jones tinha semelhanças enormes com Bilbo Baggins? E como não consegui parar de associar o jovem ativista ao hobbit, soube que ele não me tinha convencido.

Part I  é muito, muito o início. As três personagens principais, que conduzem as três histórias em separado (mas que acabam por se juntar no fim) chegam a São Francisco meio iludidas que a vida deles naquela cidade seria diferente, que ali seriam mais aceites. Roma vê o seu protesto a ser arruinado pela polícia, Cleve alimentou a vontade de mudar os direitos dos homossexuais pela maneira como era tratado (e ele fugira do Arizona exatamente por saber que ali nunca poderia ser quem era em pleno) e Ken abriu os olhos quando o bar chefiado por uma drag queen foi invadido pela polícia. As personagens no fim é que decidem o seu caminho e que querem mudar as coisas. Roma é lésbica e luta pelos direitos das mulheres, Cleve é filho de um psiquiatra que achava que a homossexualidade podia ser curada e Ken é da Marinha e viu o namorado morrer.

A maneira como misturam ficção com drama não é forçada e, por agora, funciona extremamente bem. When We Rise é uma história importante e que mostra a muitos que ignoravam a história dos movimentos civis LGBTQ e da bandeira arco-íris.

A série vai estrear no TVSéries já este domingo, às 23h.

Maria Sofia Santos

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