This is Us está de volta, depois de nos ter deixado de coração apertado. Voltou em boa altura e com um episódio com traços mais leves que os últimos antes da paragem.
No passado recuámos mais do que alguma vez tínhamos ido, até ao momento da ecografia para saber o sexo do bebé… ou dos bebés. Deve ser um choque enorme planear a chegada de um filho e receber a notícia que não será apenas um, nem dois, mas três. Obviamente que é um momento em que a felicidade se mistura com receios. Jack e Kate tinham acabado de avançar para uma casa com dois quartos e em poucos meses seriam cinco seres debaixo daquele teto.
Tivemos também a oportunidade de conhecer um pouco dos pais de Jack e Kate, o que pode explicar muito do que vemos no comportamento deles. Jack tinha um pai violento e abusador, que não amava a sua família; essa influência negativa e um pedido da sua mãe fizeram-no ser o completo oposto do seu pai, uma pessoa generosa, positiva e cheia de amor para oferecer. Já Kate tem uma mãe superficial, que se acha totalmente superior e que apenas se preocupa com as aparências, não confiando que o casal, que pode não ter todas as condições materiais, tem o elemento mais importante, amor de sobra para os três bebés que estão a caminho. Foram com certeza tempos difíceis, mas Jack carregou o casal no bom caminho e ajudou Kate a superar os medos deste desafio gigante.
No presente, boas notícias. Podemos respirar normalmente, o bem humorado Toby safou-se. Curioso, esta semana assisti ao filme “Viver na Noite”, de Ben Affleck, e nesse filme, o “Toby” (Chris Sullivan) é um capanga da máfia, sem escrúpulos e super violento. Fez-me demasiada impressão a transformação e confesso que prefiro a versão This is Us. E ainda bem que essa versão está para durar. Toby não perdeu o bom humor face aos acontecimentos traumáticos, mas teve ainda de lidar com uma importante decisão, uma decisão com grandes riscos associados. A sua condição clínica poderia ser controlada com medicação, mas deixava-o mais sujeito a recorrências, ou poderia sujeitar-se a uma operação para “cortar o mal pela raiz”, mas uma operação, enquanto procedimento invasivo, tem sempre um risco associado caso não corra da melhor forma. Foi Kate e o amor que sente por esta que o convenceram a ir em frente com a operação. E até ver, tudo parece ter corrido bem. Como é público, existe uma cláusula no contrato de Chrissy Metz, que interpreta Kate, que exige que ela perca peso para acompanhar a jornada de Kate. Este episódio, talvez por termos estado algum tempo sem ver estes personagens, foi o primeiro em que fiquei com a sensação de que a missão começa a nutrir resultados. Mas sem dúvida que a personagem é um elemento motivador para a atriz e é empolgante ver a transformação.
Randall teve um episódio sui generis, no qual tenta compreender e adaptar-se à homossexualidade do pai, voltando This is Us a apresentar um tema que, não sendo já tabu, ainda tem muito preconceito e incompreensão em torno do mesmo, sem qualquer pudor. William está a viver os seus últimos tempos e a aproveitar cada momento, mas está também a planear os meses mais dolorosos de modo a não dar trabalho à família. Mas então para que serviria a família? Só para os bons momentos? Nada disso. E Randall responde inequivocamente que aguenta e que vai tê-lo em sua casa até ao seu último dia.
Por fim vamos à atribulada vida de Kevin. Parecia estar a encaminhar-se quando apostou em financiar a peça e apostar na argumentista para assumir o papel principal. Até o encenador parecia estar a adorar a química dos dois. Mas eis que a imprevisível Olivia regressa, dizendo-se renovada espiritualmente, com um novo look e, segundo ela, a autenticidade que lhe faltava. E o que queria mesmo ela? Kevin e a peça de volta! Felizmente, Kevin foi adulto e em vez de ir pelo caminho fácil de ceder aos caprichosos de Olivia, que não passa de uma pessoa mimada, escolheu manter-se fiel a quem não o abandonou nem ao projecto. Acontece que uma infeliz escolha de palavras entre “o que se quer” e “o que é certo”, pode ter dificultado a relação com Sloan, mas parece totalmente superável.
Resumindo, continua a ser um prazer enorme assistir a This is Us. Vamos ter com certeza uma segunda metade de série prometedora e ao nível da primeira.
Uma nota em relação à banda sonora que costuma estar sempre sincronizada com a qualidade da série: esta semana vou dar uma nota mais baixa porque não gostei nada da versão do “Without you” da Mariah Carey durante a entrada de Toby nas Urgências. Mas com certeza terão muitas oportunidades de se redimirem.
André Borrego