Estreou, na passada segunda-feira, a nova mini-série da RTP 1: Ministério do Tempo. A série da época segue um equipa de um ministério secreto do nosso governo que está incumbido de impedir que a história de Portugal seja alterada. Esta produção uma adaptação de um original espanhol e que agora vai acompanhar os portugueses todas as segundas-feiras.
Começamos com uma viagem a 1531, no Alentejo. Os portugueses derrotam os castelhanos e recuperam as jóias roubadas à Coroa. D. Afonso Mendes de Noronha (João Craveiro), um dos cavaleiros, é traído pelos seus conterrâneos e condenado à morte por el-Rei D. João III. É então que, nos calabouços, é salvo por Ernesto Ochoa (Luís Vicente), um dos funcionários do Ministério do Tempo que lhe propõe ser agente do mesmo. D. Afonso aceita e forja a própria morte.
Depois viajamos até Coimbra, em 1894, onde encontramos Amélia de Carvalho (Mariana Monteiro), a primeira mulher a ingressar na Universidade de Coimbra. Com uma inteligência acima da média e muito evoluída para o seu tempo, Amélia é olhada de lado pelos seus colegas homens. Irene Matos Dias (Andreia Diniz) recruta-a para o Ministério pois considera-a a pessoa indicada para o cargo.
Finalmente chegamos a Lisboa, em 2016. Tiago Silva (Sisley Dias) é um paramédico do INEM que entra numa casa em chamas onde vê dois cavaleiros medievais a escapar enquanto deixam um corpo para trás. Devido ao fumo, acaba por perder os sentidos e ter de ser resgatado. No hospital é suspenso do trabalho por apresentar quadros depressivos com tendências suicidas que começaram após a morte da mulher. Tiago é abordado por Ernesto e Irene, que o levam até ao Ministério.
Salvador Martins (António Capelo) leva Tiago a conhecer as instalações do ministério e explica-lhe o funcionamento das suas portas. A missão deste ramo secreto do governo é impedir mudanças à história de Portugal e conta com vários funcionários de diferente épocas. Tiago, Amélia e D. Afonso são informados que irão formar uma equipa e que a primeira missão deles é encontrar os cavaleiros que Tiago terá avistado durante o incêndio.
Os três embarcam então numa investigação que os leva à conspiração castelhana para assassinar Nuno Alvares Pereira e impedir a batalha de Aljubarrota, onde Portugal venceu Castela apesar da visível inferioridade numérica.
O trio viaja até à zona fronteiriça em 1384, onde conhecem um Nuno Álvares Pereira bastante jovem, disfarçado de monge, e Mafalda Torres, uma suposta aliada dos castelhanos que mais tarde vêm a descobrir que é uma ex-funcionária do ministério que se supunha ter morrido numa missão. Salvador assume que ela terá forjado a própria morte para passar para as investigações privadas por serem mais lucrativas.
No final, Tiago viaja até 2013 e tenta conversar com a falecida mulher, mas é impedido por Amélia e Afonso que o avisam das consequências de alterar o passado. O paramédico conta-lhes que sofre com o facto de ter discutido com a mulher na noite anterior à sua morte e nunca se ter desculpado. Amélia aconselha-o a falar com a mesma através de uma aplicação no telemóvel, que lhe foi fornecido por Irene, mas sem nunca revelar o que o futuro reserva. Tiago faz então as pazes com o passado, sem reparar que é seguido por Mafalda Torres.
Esta adaptação de uma série espanhola tem tudo para vingar no nosso país, não só junto dos amantes de história, mas também dos nossos mais fieis seriólicos. Uma visão única sobre a história portuguesa com um elenco fantástico. Sisley Dias tem tudo para marcar o público com um passado poderoso e emocionante e Mariana Monteiro num papel importante como mulher independente e marcante da sua época. D. Afonso apresenta-se como uma machista e retrógrado, cheio de convicções características do século XVI, que contrastam com as opiniões modernas de Amélia e dos habitantes do ano 2016.
Apesar de um primeiro episódio calmo e tímido, Ministério do Tempo é uma aposta diferente de um canal português e que, se não seguir os traços das novelas lusitanas que por norma são repletas de dramas e reviravoltas intermináveis, poderá ser um sucesso e conquistar o coração dos portugueses.
Beatriz Pinto