Bem-vindos a um novo mundo da mente de Michael Crichton, autor do livro que deu origem a Jurassic Park. Uma empresa multimilionária cria robôs semelhantes aos seres humanos e coloca-os numa simulação (em loop) no antigo faroeste com um determinado guião para testar as suas capacidades. O problema é que alguns deste robôs mega-inteligentes começam a revelar comportamentos pouco peculiares dentro da sua própria programação.
Agora que uma das obras-primas de Jonathan Nolan encerrou (e em nota alta) – sim, falo de Person of Interest – era apenas uma questão de tempo até apresentar uma nova forma de entretenimento televisivo de qualidade. Westworld é uma adaptação engenhosa do romance de Crichton onde todos os intervenientes estão em risco e onde a tecnologia defeituosa ganha um novo destaque. À semelhança de Humans, Westworld é uma jornada criativa repleta de ação, momentos de suspense e grande talento performativo.
Ainda que o piloto não consiga ligar tudo aquilo que é necessário, mostra ser capaz de elaborar uma densa novela visualmente apelativa e recrutar atores do mais alto calibre para nos trazer aquele que será o substituto de Game of Thrones nesta altura do ano. Mas comparar esta série a Game of Thrones não é propriamente algo correto de se fazer.
Embora Westworld esteja também inserida num universo de personagens ricas e em constante sinal de alerta, a premissa desvia-se de uma ideia fantasiosa de poder para uma exploração do complexo de Deus que a humanidade nunca se cansa de procurar. Entre os membros do elenco destaca,-se Evan Rachel Wood, Ed Harris e Anthony Hopkins como personagens enigmáticas, revolucionárias e misteriosas. A fotografia e a banda sonora (que é absolutamente vertiginosa pelos dedos mágicos de Ramin Djawadi) conseguem tirar proveito de toda a componente técnica envolvente na criação de um faroeste bastante aproximado ao dos grandes filmes de Clint Eastwood.
A escrita é envolvente e os valores de produção são aplicados com destreza para compensar as falhas mais óbvias do piloto. Fica apenas a questão de que a narrativa cíclica necessita fortemente de um avanço significativo ao longo dos futuros episódios porque, senão, corre o risco de se tornar cansativa e pouco interessante.
Ainda assim, arrisquem-se e aventurem-se por um mundo novo, repleto de personagens maravilhosas, de paisagens de cortar a respiração e ação constante e bem executada.
Jorge Lestre