Verão é praia, noites quentes e saídas até ao sol raiar, pele beijada pelo sol e reencontros com amigos. Verão é tirar os quilos de cachecóis, casacos, meias e gorros e substituir pelo biquíni, vestidos frescos, calções e sandálias. Verão é também despedirmo-nos das nossas séries favoritas e fazer maratonas ou mergulharmos nas que vão para o ar nesta altura.
Para mim, verão sempre foi sinónimo de maratonas. A que mais me marcou foi em 2012, quando entrei numa aventura chamada Game of Thrones. Vi as primeiras duas temporadas tão rápido que até perdi a noção do tempo. O ano passado revi One Tree Hill, que foi uma boa companhia nos dois meses em que estive a estagiar.
Este ano, porém, debrucei-me numa série nova, sobre a qual pouco sabia e que já tinha acabado há quatro anos atrás. A curiosidade veio do interesse que tinha pela lenda do Rei Artur. Comecei a ler As Brumas de Avalon no início deste ano e fiquei interessada em conhecer outras adaptações. Vi os primeiros episódios de Camelot e fiquei bastante desiludida. Contudo, Merlin era bastante popular tanto no povo em geral como entre os meus colegas. Como tal, decidi dar uma oportunidade.
Merlin é daquelas séries completas. Um bom elenco, banda sonora não só original como de qualidade, que consegue jogar bem com o – baixo – orçamento que tem, muito humor e muito drama.
Nesta versão, Merlin é um jovem que chega a Camelot logo no primeiro episódio. As pessoas na sua aldeia começavam a ficar desconfiadas dos seus poderes e a mãe mandou-o para lá para viver com Gaius, um curandeiro conhecedor da antiga religião e das suas práticas. O jovem mago conhece logo Arthur e torna-se seu servo.
Um dos grandes pontos altos (talvez o mais alto) da série é exatamente a amizade de Arthur e Merlin. Arthur só chega a saber dos poderes do amigo nos últimos momentos de vida e não faz ideia do destino que os dois partilham, mas o jovem príncipe confia em Merlin como não confia em ninguém. Se forem ao Tumblr e ao Youtube repararão que muitos dos fãs gostavam que eles tivessem algo mais do que uma amizade. Confesso que por vezes ainda conseguia imaginar esse cenário, mas depressa me recordava do verdadeiro romance da história…
Adoro todas as personagens de coração. Até Morgana. No entanto, apaixonei-me perdidamente por Arthur. Ele é muito mais do que uma carinha laroca. Era uma personagem complexa e, ao mesmo tempo, simples. Capaz de me fazer rir às gargalhadas e de me fazer chorar que nem uma Madalena. Eu conheço bem a lenda arturiana e já sabia qual era o final. Contudo, parte de mim sempre rezou por um desfecho diferente. Arthur tinha muito mais para dar a Camelot. Ele conseguia ser um fedelho arrogante, mas era um homem bom e um rei justo que Camelot deveria ter tido por muitos, muitos anos. Ver Arthur a perecer, nos braços de Merlin e, depois, Guinevere ser coroada rainha e o seu rosto ser marcado por uma dor profunda… Foi demais para mim. Bolas, Arthur, porque é que tinhas de ser lindo e perfeito e de teres um dos romances mais adoráveis da televisão?!
Dos aspetos que mudaram da lenda para a série foi o triângulo amoroso Arthur/Guinevere/Lancelot. Como devem saber, Guinevere era casada com Arthur, mas o seu coração pertencia a Lancelot, um dos amigos mais chegados do rei, que fazia parte da famosa Távola Redonda. Os dois resolvem fugir e isso é o início do fim do reinado do rei Arthur. Na série, porém, Lancelot aparece em meia dúzia de episódios e, apesar de ele e Gwen gostarem um do outro no início, a ex-criada apaixona-se verdadeiramente por Arthur. Lancelot regressa a Camelot e torna-se cavaleiro. Os sentimentos dele por Guinevere mantêm-se, mas ela só tem olhos para o rei. A traição existe, mas é planeada por Morgana.
Resumindo e concluindo, Arthur e Gwen são a coisa mais fofa desta série e carinhosamente apelidados de “Arwen” pelos fãs. A evolução da relação deles foi tão natural e bem feita. Arthur sempre foi boa pessoa, mas o romance com Gwen e a amizade com Merlin (dois servos) fê-lo crescer e eles são capazes de lhe ter dado mais lições importantes que o miserável Uther alguma vez deu. A morte dele foi um alívio.
Por fim… Morgana. A protegida de Uther descobre que tem magia, que é proibida em Camelot. O ódio de Uther pela prática e a descoberta que é filha ilegítima do rei atiram a jovem para as trevas na terceira temporada. Apesar de odiar Morgana e tudo aquilo que ela fez a Arthur, Gwen, Merlin e Gaius, consigo entender a sua dor e revolta e o porquê de ter virado as costas a Uther. Ela sentia-se sufocada, incapaz de ser quem é e de revelar os seus poderes. Foi realmente uma pena nem Merlin nem Gaius lhe terem estendido a mão, mas as mãos deles estavam atadas. O confronto entre Morgana e Arthur no final da quarta temporada foi triste. Tudo aquilo devido às ações de Uther, o verdadeiro vilão nesta história toda. Matou Ygraine, a mãe de Arthur, matou o pai de Gwen e tentou fazer o mesmo a ela, perseguiu e matou feiticeiros, feiticeiras de todas as idades, deitava o filho abaixo sempre que podia e nem na morte foi capaz de mostrar bondade.
O verão acabou e com ele acabou Merlin. Fiquei genuinamente triste, foi das séries que mais me custou acabar e entrou automaticamente na lista das minhas favoritas de sempre. Estou naqueles momentos em que adorava entrar no DeLorean e voltar uns meses atrás para assistir a tudo novamente. Tenho saudades das personagens e das aventuras. Tenho saudades da magia e do sentimento que a série me dava. Cheira-me que tão depressa não apanho uma como esta.