Contém SPOILERS!
Os desenvolvimentos da série começam a chegar a conta gotas e o desfecho, que ainda está longe, continua insondável. Fear The Walking Dead perdeu um pouco da qualidade do episódio passado e a sobrevivência periclitante continua a ser o prato do dia.
Já sabíamos, do episódio anterior, que Nick acabou por ser regatado por uma comunidade. Além de lhe terem tratado dos ferimentos, parece que não terão problemas em aceitá-lo. O grupo é liderado por Alejandro, um farmacêutico que acredita que o fim do mundo, representado na Bíblia, está a acontecer e que os sobreviventes são os escolhidos para continuar a espécie. Sendo assim, temos aqui, mais uma vez, um grupo que não mata os zombies que os ameaçam e, em vez disso, os usam como muralha de segurança. Isso mesmo! Os doentes e infetados são convidados, mais cedo ou mais tarde, a caminharem através do autocarro escolar para se juntarem aos walkers que rodeiam a pequena comunidade. Utilizar os walkers como meio de segurança tem tanto de audacioso como de perigoso e, pela nossa experiência da série mãe, a situação pode tornar-se extremamente perigosa e mortífera.
Como é habitual nestes cenários, a falta de alimentos, água e medicamentos leva a que os grupos tenham de partir na missão suicida de recolher os bens essenciais. É aqui que ficamos a conhecer melhor uma das mais importantes personagens desta comunidade: Luciana. Luciana acaba por ser a personagem cliché mais berrante do episódio. Autoritária, antipática, decidida, forte, destemida e pouco faladora, Luciana depressa leva Nick na importante missão de trocar medicamentos por água e alimentos. Nick tenta levar um doce escondido (que mais tarde dá à menina que viu o seu pai infetado a entregar-se aos walkers) e aqui começa o clima de guerra fria entre o gangue que controla os alimentos e a comunidade de Alejandro. Perspicaz, Nick, auxiliado pela tradução de Luciana, exige outro carrinho de alimentos em troca dos medicamentos, isto porque a irmã de um dos elementos do gangue está viciada em oxitocina. Ao que parece, brevemente teremos a primeira grande batalha entre grupos em Fear The Walking Dead!
A conversa entre Alejandro e Nick, bem como a oração final da comunidade assustou-me. Se por um lado temos um líder humanitário, que luta pela esperança dos seus protegidos, por outro temos um lunático que venera a morte como elemento de seleção dos escolhidos divinos. Continuo a estranhar esta perspetiva, muito diferente da série mãe, onde os grupos humanos protegem os walkers. O espírito de sobrevivência acaba por revelar decisões contraditórias e, enquanto não começarem a eliminar walkers, maior é a quantidade de seres que os querem literalmente comer.
O grupo de Madison, embora menor, continua igualmente irritante. Embora tenham circulado pelos arredores para reencontrar Travis, Chris e Nick, depressa ficam com pouco combustível e são obrigados a regressar ao Abigail que, graças a Deus, foi levado por alguém. Julgo que não suportava mais episódios de The Last Ship: Zombie Version. Deixam um recado gigante e procuram refúgio num hotel ali perto. Enquanto os adultos (ir)responsáveis ficam a enfrascar tequila e a queixarem-se da vida, Ofelia e Alicia correm o hotel em busca de comida e roupa. O grande problema acaba por ser o barulho que Strand e Madison fazem, atraindo dezenas de zombies, mesmo aqueles que estão nos quartos atiram-se das varandas à procura de alimento. Este grupo tem muito que lutar para sair ileso. Ponto positivo do episódio: Alicia tomou banho em água quente e vestiu roupas lavadas.
Questões em análise:
Rui André Pereira