Desde o primeiro episódio que este Dragonfly in Amber nos estava prometido. Depois de uma temporada inteira a tentar evitar a Batalha de Culloden, que destruiria os clãs escoceses e mudaria o orgulhoso país para sempre. Sabíamos que Jamie iria enviar Claire para o futuro de modo a protegê-la e ao bebé de ambos. Começámos esta segunda temporada de coração partido ao percebermos que eles se iriam separar e que Jamie nunca conheceria a criança. É cruel, se pensarmos que ele nem chegou a ter a pequena Faith nos braços.
O episódio dividiu-se entre 1946 e 1968. Se por um lado foi mais do que excitante conhecermos Brianna Randall (Fraser!!!), a filha do nosso casal favorito, e que ainda por cima herdara a bela cabeleira ruiva de Jamie, por outro, sou da opinião que passámos demasiado tempo no “presente”.
No dia da Batalha de Culloden, Jamie e Claire decidem recorrer a medidas extremas. Matar o mal pela raiz. Ou seja, o príncipe Charles Stuart. Murtagh já o tinha sugerido, mas nessa altura ainda existia esperança. Agora era a única. Mas o Dougal… sempre aquele irritante e exasperante Dougal a estragar tudo.
Não se pode dizer que a morte do Dougal é inesperada. Sempre foi um homem impulsivo. A paixão que tinha pelo país levava-o a fazer disparates e a ser descuidado. Foi triste, muito triste, ter sido Jamie a matar o tio e a cometer este crime por um bem maior. Ver Claire a ajudar o marido a espetar a faca no peito de Dougal deixou-me sem pio. Para o bem e para o mal. Estes dois demonstraram que há relações que nem as piores tempestades podem derrubar um sentimento tão verdadeiro.
Mas no final nem a luta, a dor, os meses a viver em condições miseráveis no acampamento de guerra, tudo o que passaram, em França foi o suficiente. Pai que é pai tem de colocar o filho acima de qualquer coisa. Jamie e Claire estavam dispostos a morrer um pelo outro, a morrer juntos. Mas uma criança? Uma criança muda tudo.
A despedida dos dois até deixaria o coração mais insensível emocionado. Foi rápida, demasiado rápida, mas não deixou de ser marcante. Duas pessoas que foram ao inferno e voltaram, que colocaram as vidas e até a relação em risco para salvar uma nação além de verem os planos a saírem furados, ainda têm de se separar, pensam eles para sempre. Já sabíamos que ia ser complicado, mas nem todos os meses de preparação para o traumatizante episódio final chegaram para o que aconteceu.
Achei um bocado anti-climático não termos sequer assistido à Batalha de Culloden. Toda a temporada girou à volta deste acontecimento específico e nem uma cena nos foi mostrada. Nem um frente a frente, nem Black Jack Randall, nem a preparação, ZERO. Num episódio com 90 minutos de duração, bem que podíamos ter usado uns cinco.
Em Inverness, no ano de 1968, Claire assiste ao funeral do Reverendo com a filha. Sabemos que Frank pereceu e as relações entre mãe e filha não são as melhores, muito provavelmente devido à influência que o “pai” sempre teve sobre a filha.
Brianna é… uma personagem frustrante. Nós aqui, deste lado do ecrã, só lhe queríamos bater por se recusar a acreditar nas palavras da mãe. Associá-la à família Randall, depois de tudo aquilo que Jamie sofreu na mão de um que era praticamente um clone do homem a quem Bree chama de “papá” dá vontade de lhe bater. Não é justo para ela e qualquer pessoa ficaria cética (no mínimo) ao ouvir a história de Claire.
Outlander partiu o meu coração várias vezes ao longo desta segunda temporada. Primeiro com o afastamento de Claire e Jamie nos primeiros episódios. Depois com a perda de Faith. E agora… com a separação supostamente para sempre do casal. Logo na altura em que Claire conseguiu engravidar novamente.
Caitriona Balfe provou vezes e vezes sem conta esta temporada que não só era uma forte candidata à nomeação de um prémio Emmy como também uma possível e justa vencedora (mas o pessoal das votações não deve ter assistido à série, visto que não mereceu nem uma nomeação nas categorias principais. Uma vergonha!). Neste Dragonfly in Amber, Mrs. Fraser (não, não consigo chamar-lhe Randall) aproveitou a estadia na Escócia para visitar Culloden e a – suposta – sepultura de Jamie. Num discurso emocionado, Claire falou-lhe de Brianne e do quanto a jovem se assemelhava a ele. Depois, em Lallybroch, a recordar os momentos vividos na moradia dos Fraser, enquanto ouvíamos as vozes em conversas animadas nos bons tempos em que eram felizes lá. O local que Claire chamou de “casa” depois de ter passado a vida toda a viajar, sem nunca ter tido um lar.
Também em 1968 voltamos a ver Geillis, antes de ter passado pelas pedras. Tal como já tinha sido dado a entender, a “bruxa” era uma fanática pela independência da Escócia e a sua viagem pelo tempo foi algo bem planeado e estudado. Brianna finalmente acredita nas palavras da mãe ao vê-la desaparecer. Aliás, a estudante de História sempre suspeitou que algo se passara entre os pais e pediu ajuda a Roger para descobrir o que se passara. É através dessa pesquisa que os dois acabam por descobrir que, ao contrário do que se pensava, Jamie sobrevivera à Batalha de Culloden.
Jamie estar vivo não era uma surpresa para ninguém. Outlander não existe sem a dupla principal. Agora vão ser meses a esperar que a nova temporada estreie e que Jamie e Claire se encontrem depois de 20 anos de separação. E, claro, estamos todos a torcer para que Jamie e Brianna se conheçam. Aliás, ela conseguia ouvir o zum zum que Claire falava. Roger, descendente de viajantes no tempo, também me parece que consiga passar. Fantástico!
O décimo terceiro episódio não foi o melhor da temporada. Perdeu demasiado tempo com personagens que nós não conhecíamos e pelas quais não tivemos tempo de nos afeiçoar e descurou no que se estava a passar na Escócia de 1746. Contudo, Outlander é exímia em despertar as emoções do público e mesmo com o pouco tempo que tivemos com Jamie e Claire, foi o suficiente para trazer as lágrimas aos olhos.
Maria Sofia Santos