“Fighting demons two by two”
Se tivesse que descrever este último episódio de Outcast numa palavra – ou melhor, num caractere – seria ‘?’, um grande ponto de interrogação. A série continua a construir e a aprofundar, tanto na história como na caracterização das personagens, levantando uma dúzia de perguntas por episódio. O bom disto é que realça em muito o tom misterioso da série, deixando assim o público intrigado. O menos bom é que com, tanta poeira levantada, se em breve não começarem a ser dadas algumas respostas, isto tornar-se-á um pouco confuso.
A série continua a evocar muitos problemas pessoais, familiares e de violência doméstica: desde o homem apaixonado pela mulher do melhor amigo, perseguidores (stalkers), suicídios, dificuldades do casal quando se tem filhos, etc. Para uma série de sobrenatural, Outcast continua a conseguir mostrar-nos que para um ser humano normal a vida do dia a dia tem bastantes dificuldades.
Outro ponto que tem permanecido muito forte nos 3 episódios com que conta a série é a cena inicial. Joshua, Sarah e Blake são todas possessões diferentes, mas que têm em comum deixarem-nos de boca aberta.
J.R. Bourne (Luke) e Lee Turgesen (Blake) estiveram fantásticos nos seus papéis e apesar de ter mesmo pensado que Luke ia matar Blake no fim, ainda bem que não o fez, porque pode ser que ainda voltemos a ver ambas as personagens no futuro. Tendo a cena de Blake com a mulher de Luke sido macabra, pensei que fosse ser ainda mais (estava, de certa forma, à espera de mais). A história está a evoluir bem e temos muito com que nos interrogar, mas sendo uma série de horror, estou à espera de momentos de susto que me façam saltar da cadeira e momentos perturbadores que me façam querer fechar os olhos. Pode ser que vejamos mais disso nos próximos episódios.
As façanhas de Kyle e Anderson já começam a ganhar fama entre a população da pequena cidade de Rome, em West Virginia, e é assim que se veem frente a frente com Blake. Foi surpreendente a forma como tudo foi realizado de forma a deixar a pairar a dúvida sobre Blake realmente estar possuído ou se era apenas um psicopata. Interessante foram ainda as divergências entre Kyle e Anderson, tanto nas suas motivações, como nos objetivos. Kyle procura respostas de forma a poder afastar o sobrenatural da sua vida e poder depois recuperar a sua família. Enquanto Anderson aposta tudo na sua fé, vivendo com os sacrifícios que teve de fazer, e faz da sua missão expulsar os demónios de volta para o inferno e salvar as almas dos inocentes. Um momento forte para esta personagem foi a procura pela foto do filho no fim do episódio. Que terá acontecido para Anderson se ter separado da família? E já que começamos na onda das perguntas: O que significa Kyle ser o Outcast? É algo que vem desde nascença? Porque é que a água benta e as palavras na Bíblia não funcionaram em Blake? Será ele mesmo um demónio ou algo diferente? Esta personagem parece ter muitas respostas que Kyle procura e que poderão ajudar-nos a nós a perceber melhor tudo o que se está a passar.
Megan e Mark tiveram ambos plots muito interessantes e que apesar de parecerem mais normais, a este ponto os produtores já nos puseram a duvidar de toda a gente e a ver demónios em todo o lado. Será Donnie um antigo namorado de Megan que abusou dela? O que quererá agora, passado tanto tempo, com ela? E como irão Mark e Kyle reagir? O momento ‘CSI: Rome’ levou Mark a recolher provas da caravana que ele e o chefe Giles encontraram na semana passada. E com isso mais perguntas se levantam, em particular: onde vai este caso ligar-se ao resto da história? E a atitude de Giles não vos pareceu estranha? Eu pensava que ele era bonzinho e apoiava o reverendo Anderson, mas agora já torço o nariz.
Outra dupla que deu que falar neste episódio foram Sydney e Norville. Quanto a Sydney (a.k.a. O Homem de Negro), tivemos a confirmação de que ele é mesmo um demónio. No entanto, não parece um demónio normal. Se Joshua e Sarah pareciam demónios mais selvagens e irracionais, Blake e Sydney são mais cientes do que os rodeia e escondem muitos mistérios. Onde é que a morte de Norville (o vizinho de Kyle) se insere nos planos de Sydney?
Em suma, este foi um episódio repleto de excelentes atuações e muitos novos mistérios. Que venha o próximo e que comece a chover alguma iluminação divina. No próximo episódio, “A Wrath Unseen”, mais sobre o segredo de Megan será explorado e o reverendo Anderson irá descobrir algo chocante. Até lá, cuidado com os sítios escuros. Como referi na review passada, já tive o prazer de ver The Conjuring 2 e aconselho. Se forem à sessão da meia-noite então ainda melhor. Quem não quer ver freiras à frente nos próximos tempos sou eu!
Emanuel Candeias