Depois de um luto de que ainda custa falar, os nossos heróis separam-se. Finch prepara um novo plano para eliminar Samaritan e agora com a ajuda de uma “tagarela” Machine (com uma voz muito especial) e Reese, Shaw e Fusco recebem o número do Presidente dos EUA. Para evitar a morte do homem mais importante do mundo, Shaw e Reese precisam de se infiltrar nos Serviços Secretos para evitar a tragédia e saber quem são os culpados e é aqui que se reencontram com Logan Pierce, um antigo número que os nossos heróis salvaram há alguns anos.
Sabem o que torna Person of Interest uma série mágica? É precisamente episódios como este. Após os infortúnios pesados do episódio anterior, “Synecdoche” manipula as personagens fazendo abrandar o luto e apalpando terreno para os eventos que se seguem. Não há tempo a perder e chorar pelos seus companheiros não os leva a lado nenhum. A guerra é iminente e, se já não basta ajudar números irrelevantes para o sistema, o que fazer quando o mais relevante de todos corre perigo? Samaritan não brinca em serviço e Shaw sabe-o muito bem, não fosse ela vítima das atrocidades do mesmo.
“Synecdoche” recupera os diálogos interessantes de Harold e da Machine – nunca é demais reforçar que a voz da Machine é encantadora – procurando por soluções para a ameaça iminente de Samaritan, ao mesmo tempo que vai sendo melhorada esta relação de pai e filha complexa. É na forma como as personagens se unem no combate e, por consequência, na busca por Harold, que as relações que se forjam são cada vez mais sentidas e emocionais. Se a ação é, por si só, envolvente, já aquela ternurenta preocupação de Fusco com Shaw traz aquela humanidade que podia ser posta de lado a qualquer momento. Ou seja, se por um lado manter as personagens ativas leva-as a não se focar nos dramas anteriores, por outro cria-se um companheirismo ainda maior que resulta num gesto humano e credível. É também em episódios como este que Person of Interest consegue ainda surpreender ao resgatar elementos que já não víamos há algum tempo e que a nossa memória quase nem processa devidamente.
Logan Pierce, interpretado por Jimmi Simpson, era um bilionário que iria lançar um website chamado friendczar.com, mas que devido à sua conduta “mimada” e sem escrúpulos atraiu uns quantos inimigos. O episódio chama-se “One Percent”, para os que gostariam de rever. Não é que Pierce tenha sido memorável na série, mas é certamente uma brisa de ar fresco. O enredo continua a apalpar terreno para o desenlace final que está a duas semanas de distância e uma certa nostalgia abate-se. Até lá, vejam “Synecdoche” e vejam Person of Interest a ser o que sabe ser melhor.
Jorge Lestre