Os nossos heróis enfrentam novos desafios assim que um criminoso chamado “The Voice” parece ter chantageado Terry Easton para rebentar com um edifício, tendo a sua mulher como refém. Reese está no encalço do caso e tenta aproximar-se de Lionel que está, também ele, com as mãos ocupadas com Amir Saddiq, cuja arma obtida ilegalmente foi parar às mãos erradas. Nisto, a Machine dá uma nova missão a Root para derrubar mais um dos planos de Samaritan, mas os eventos recebem uma reviravolta e, na abertura do episódio, em terras mexicanas, uma Shaw sarcástica aproxima-se da fronteira dos EUA.
“Sotto Voce” parece ser mais um filler. Um que considero para mim próprio um guilty pleasure. Isto porque, de facto, a trama de Person of Interest parece arrastar-se sistematicamente sem se focar naquilo que é necessário e os fãs começam a ficar impacientes, visto que estamos a poucos episódios do final. No entanto, este filler não é um filler vulgar. Não só reforça os laços entre as personagens (desde Reese e Lionel a reatar a sua amizade e companheirismo, com Harold a pedir ajuda a Elias formando uma dupla para impedir os avanços do terrorista The Voice, até um certo encontro muito aguardado), como também joga um pouco com a temática secundária da série de forma original. Este bandido, que parece ter surgido aparentemente do nada, é mais engenhoso do que se pensa e uns quantos twists divertidos vão proporcionando 45 minutos de bastante adrenalina, ainda que com algumas falhas.
É interessante divagar pela imensidão da justiça com que os nossos heróis se confrontam diariamente. A dinâmica de victim/perpetrator é trabalhada a fundo em “Sotto Voce” e, embora esteja no caminho de desenvolvimentos narrativos, não deixa de cativar pelas reviravoltas imprevisíveis. No entanto, guilty pleasures à parte, a equipa precisa de um certo puxão de orelhas por criar enredos paralelos nesta temporada final (bastante curta) e atrasar o avanço narrativo de Samaritan que, afinal de contas, é o foco de interesse maior. Ainda assim, o episódio consegue ser palpitante e trabalhar as relações dos personagens de forma divertida, oscilando entre o drama e a comédia de forma subtil e sem se tornar ofensivo.
Mas o momento por que todos os fãs esperavam ou, pelo menos, a maioria, era o encontro entre Root e Shaw que, de facto, seria um dos auges de toda a temporada, mas terá sido concretizado com sucesso? A meu ver, a simplicidade ganha acima de qualquer outra técnica para forçar a química entre as atrizes, mas neste caso sente-se que o seu encontro foi “demasiado fácil” após 7,000 simulações a matar os compinchas. É certo que Person of Interest consegue ter alguns truques na manga, mas esta reunião soube a pouco. E então a reunião com os restantes membros do grupo foi tão fria e imparcial para o grau de sentimentalismo com que procuravam a sua adorada companheira inicialmente.
Mas espera-nos o episódio 100 e, esse em particular, deverá trazer uma melhoria bem acrescida ao ritmo e Jonathan Nolan não nos poupa a umas quantas surpresas, visto que uma das cenas de ação mais caras da TV irá ocorrer nesse preciso episódio. Vamos aguardar…
Jorge Lestre