Estamos de volta a Paris com o nosso casal favorito, onde as emoções estão ao rubro e onde as tragédias começam a tomar proporções escandalosas. Claire recebe a notícia de que os médicos abriram guerra aos curandeiros e apressa-se a avisar Raymond de que a sua vida corre perigo. Jamie e Fergus embarcam numa nova missão para impedir que a guerra jacobita seja financiada pelo horrível Comte St. Germain e Murtagh descobre a verdade sobre Claire. Nisto, a nossa heroína tenta manter a humildade numa sociedade que vive de aparências e Jamie toma uma decisão arriscada.
Para evitar spoilers, a sinopse será breve, porque “Best Laid Schemes…” é daqueles episódios que vale a pena ver e rever porque o choque é grande e o drama intensifica-se. A segunda temporada de Outlander foi particularmente difícil para o criador Ronald D. Moore de trazer para o pequeno ecrã, muito porque a dimensão da narrativa se abre de forma tão ampla que se torna difícil “armazenar” ou “condensar” a informação em formato episódico. A série é incrivelmente detalhada e a equipa técnica já nos deu provas de estar apta para o encalço. O problema reside mesmo na adaptação argumentativa que tem mantido um ritmo calmo e vai apalpando o terreno para o clímax que ainda estará por vir.
No entanto, “Best Laid Schemes…” eleva as coisas novamente onde o relacionamento dos nossos heróis é posto em causa, levando a momentos de grande intensidade. Há um certo duelo por que ansiávamos desde o início e que termina com um valente “kick in the nuts” ou melhor… “sword in the nuts”. Quem viu o episódio vai perceber e vai esboçar um sorriso de satisfação. Mas a gravidez de Claire está longe de ser facilitada por isto e aqui vemos Outlander no seu melhor. A ligação de Claire com Jamie é tão forte que os seus comportamentos/sentimentos/bem-estar são influenciados um pelo outro, para o bom e para o mau. O explorar desta dicotomia humana e o jogo da fantasia amorosa permite que os dois atores tenham uma certa liberdade de explorar as suas personagens dos pés à cabeça; estudando e dando ênfase àquele lado mais vingativo/temperamental que todos nós temos e que se torna mais poderoso quando estamos frágeis espiritualmente.
A realização de Metin Hüseyin ajuda a que toda a equipa envolvida consiga trabalhar com rigor e com complexidade, quer no aspeto visual, quer no foco argumentativo, trazendo um dos episódios mais intensos da série. Há também um momento particularmente interessante a nível fílmico onde o pequeno Fergus (o nosso Oliver Twist com sotaque francês) entra num dos quartos de uma boate para dar de caras com um uniforme vermelho que, para nós, é símbolo de medo; não vemos de quem é, mas a nossa mente processa a informação fazendo o nosso coração palpitar sem termos a figura à nossa frente e este momento é de um suspense terrível e eficaz.
Portanto, os fãs de Outlander vão ficar bem satisfeitos com o avançar da narrativa e com um episódio repleto de momentos extraordinários como já é habitual todas as semanas.
Jorge Lestre