Estamos de volta à empresa discográfica mais famosa do planeta e as coisas não estão fáceis para os Lyon: Camilla continua a reduzir as verbas para Cookie poder criar uma tour para Tiana e para a produção do novo álbum de Jamal e a chantagem amorosa com Hakeem continua a não dar frutos positivos. Nisto, a comunidade LGBT deixou de apoiar Jamal depois daquele pequeno golpe de Lucious, o que o obriga a ter de reconquistar o público gay para que vença o prémio ASA.
Este regresso de Empire em nada melhora as falhas do episódio anterior. Rhonda ainda não se recorda do seu suposto “acidente” e coloca Andre numa posição difícil; algo incompreensível e de certa forma revoltante para os fãs. Se a série primava pelos seus twists constantes, agora peca por forçá-los demasiado, criando quebras narrativas e de coerência lógica. A produção musical, que era outro dos fortes, é assombrada por letras repetitivas e pouco originais, temáticas já cansadas e que passam do cliché ao ridículo. As performances são banais, com a excepção já habitual da nossa fantástica Taraji P. Henson e a realização foca-se no melodrama, dito, ‘pointless’ e continua a não saber avançar ou criar ritmo entre as personagens.
Se a impulsividade arrogante de Cookie continua a arrancar os melhores momentos, já as incongruências no argumento destroem por completo o efeito desejado. A linha de história de Camilla (ou deste regresso) é tão fútil e pouco envolvente que nos leva a bocejar umas quantas vezes ao longo deste “A Rose by Any Other Name”. O final que tanto se esperou foi absolutamente descuidado, tratado sem emoção e desprovido de sentido. A história precisa de um reboot urgente e que se foque precisamente naquilo que tornou Empire numa série de sucesso: a família e os atritos entre a mesma. Aqui, embora a palavra “família” seja usada como desculpa para tudo e mais alguma coisa, cada vez mais perde significado. Aqui não há “família”, há homens de negócios que não olham a meios para alcançar os fins e, mesmo que algumas situações e momentos sejam justificáveis, a filmagem é oca e pouco envolvente.
Os Lyon começaram como reis e decrescem a nível moral para “ratos de rua” e se as ruas eram a sua primeira casa, a extravagância ridiculariza (ao invés de embelezar) as personagens, tornando-as desinteressantes. Naomi Campbell e todos os restantes convidados não servem de nada na narrativa; estão lá pelo seu nome sonante e nada mais. “O tiro sai pela culatra” e Empire torna-se um exercício exibicionista que promove a abundância de riqueza financeira e a decadência moral sem qualquer objetivo. E se os valores sociais estavam em destaque na primeira temporada, nesta são explorados prejudicialmente e tornam-se abominavelmente irritantes.
Se as canções davam ritmo, agora tornam-se um incómodo e o que era talento espontâneo é agora playback. Tiana a cantar sem mexer a boca continua a ser uma boa paródia aos artistas pop de hoje em dia! Portanto, esperemos que a série receba uma injeção narrativa em condições ou estará em risco de ser tornar mais uma de muitas peripécias televisivas que só é renovada porque gera dinheiro.
Jorge Lestre