Presenteando-nos com uma estreia com dois episódios, The Path (anteriormente denominada The Way) é a mais recente série da Hulu e relata a vida de Eddie, um pai de família e ávido seguidor da religião fictícia denominada Meyerismo que, após um período em retiro espiritual, começa a duvidar do grupo religioso ao qual pertence. Naturalmente, a descrença de Eddie cria conflitos entre ele e o grupo, liderado pelo carismático Cal, e com a sua família, ao passo que vai desvendando os vários segredos ocultos pelo líder do Meyerismo. Protagonizada por Aaron Paul, Michelle Monaghan e Hugh Dancy, produzida pelo Jason Katims, a série promete proporcionar-nos uma perceção inovadora de cultos e como estes operam e crescem.
The Path conta com a religião como foco central, retratando o movimento Meyerista praticamente como um culto religioso, privado e isolado do resto da sociedade, que estima valores como a solidariedade, positividade e companheirismo. O primeiro episódio começa com o grupo a salvar vítimas de um tornado, levando-os à sua sede para receberem mantimentos e apoio emocional. Uma das vítimas é Mary que, por alguma razão, sente-se imensamente fascinada por Cal.
Logo nos primeiros minutos reconhecemos algumas características do movimento Meyerista, semelhantes a alguns outros cultos: o líder carismático e persuasivo, o recrutamento de pessoas emocionalmente frágeis ou que passaram por eventos traumáticos. Mary não parece notar os sinais e o fascínio por Cal torna-se em afeição. Com a ajuda de Cal, Mary tenta livrar-se do lado negativo da sua vida, começando pelo seu problemático pai. Quando Cal não consegue convencê-lo a pedir perdão, recorre à violência e deixa-o inconsciente e coberto de sangue. Mary observa o ato com admiração e a partir daí entra no culto, recrutando mais crentes.
Outro arco da trama envolve Eddie, a sua esposa Sarah e Cal. Os três parecem formar um triângulo amoroso, visto que Cal e Sarah andavam juntos no passado, o que ajuda a reforçar a tensão entre as personagens, já causada pela deslealdade de Eddie para com o seu grupo. No primeiro episódio, Sarah desconfia que Eddie tem estado a traí-la devido às suas saídas a meio da noite e conversas estranhas ao telefone. Após descobrir que Eddie tem estado a encontrar-se com uma mulher num motel, avisa Cal que o marido tem estado a “transgredir” e pede que seja encarcerado por duas semanas. No segundo episódio, Eddie acaba por aceitar o tratamento, sofrendo dias de isolamento e depressão para se “reabilitar”.
Depois de muita tortura psicológica, Eddie declara que tem tido um caso com uma mulher chamada Miranda Frank. Porém, a confissão foi inventada pelo Eddie, pois o verdadeiro segredo que esconde é uma visão/alucinação que teve durante uma viagem ao Peru enquanto esteve sob ‘influência’, onde o criador do Meyerismo, Steven Meyer, está em coma, o que contradiz com as afirmações de Cal sobre o trabalho que Meyer tem estado a fazer para melhorar a Ladder, algo muito estimado pelos crentes. A visão leva-o a desconfiar que Cal guarda segredos, o que é uma grave transgressão no grupo.
A visão confirma-se verdadeira quando, no final do segundo episódio, Cal visita Meyer, que realmente está internado e incapaz de fazer qualquer trabalho. O líder conta que irá promover o grupo com mais agressão, com o objetivo de tornar o Meyerismo um fenómeno à escala nacional.
A série parece promissora, com performances sólidas e uma premissa interessante, no entanto não difere das outras dezenas de séries que retratam cultos e a fé a nível de história e tom. Recomendo aos fãs de dramas psicológicos com personagens complexas!
Cátia Neto