Aproxima-se o final do ano e, com ele, a necessidade de se fazer uma retrospetiva acerca do que imperou na televisão durante o ano. Estes são as melhores das melhores, as campeãs que, após muita discussão, conseguiram passar a meta: as medalhas de ouro das Olimpíadas Seriólicas. Elas são as 10 Melhores Estreias do Ano para a equipa do Séries da TV.
Empire: Chegou e arrasou com as audiências. É a série mais vista de 2015 e é indicada para todos os que gostam de hip-hop e de uma boa dose de drama moderno. Focando-se na liderança de uma empresa discográfica de sucesso, Empire conta a história de Lucious e Cookie Lyon e como a vida nas ruas os levou a tornarem-se duas figuras proeminentes da sociedade e da indústria musical, bem como aborda o crescimento dos seus três filhos, Jamal, Hakeem e Andre, como indivíduos e como artistas.
Porque é Empire uma das Melhores Estreias do Ano?
Fácil, porque tem todos os elementos para o sucesso! Banda-sonora composta por Timbaland, presença de estrelas internacionais da música no elenco e uma dupla protagonista que agarra com firmeza a temática da série. Não há nada que faça parar Empire de continuar a melhorar e a subir no ranking. Tem carisma, ritmo, drama, boas performances e twists para dar e vender!
Better Call Saul: Quando Breaking Bad terminou, milhares de fãs ficaram imediatamente saudosos das suas personagens favoritas e, para manter o legado ativo, Vince Gilligan criou o spin-off de Saul Goodman, o advogado vigarista que não nos poupava a umas boas gargalhadas durante os momentos mais dramáticos de Breaking Bad. A premissa é exatamente essa, acompanhar a ascensão da carreira deste trapaceiro da lei e ver como a relação com Mike Ehrmantraut levou ao enquadramento narrativo com Walter White e Jesse Pinkman.
Porque é Better Call Saul uma das Melhores Estreias do Ano?
Não só porque resgata duas personagens absolutamente geniais, como permanece no registo maravilhoso e único de Breaking Bad. Há humor neste conto dramático, há engenho de escrita, há uma exploração profunda e sentida no tratamento da história. Podia ter corrido mal, mas felizmente Better Call Saul não desiludiu e promete chegar ao estatuto da série que lhe deu origem.
The Last Man on Earth: Phil Miller é o último homem da terra. O dia a dia dele é passado a beber até cair, a destruir o que bem lhe convém e a conversar com bolas de todo o tipo de desportos para manter a sanidade… pelo menos a pouca que lhe resta. Uns dias mais tarde encontra Carol, a última mulher da terra, mas Carol não é bem como Phil imaginava e os dois embarcam numa aventura para descobrir se existem outros sobreviventes a um vírus que dizimou a população mundial, ainda que andem às turras um com o outro pelo caminho.
Porque é The Last Man on Earth uma das Melhores Estreias do Ano?
O conceito de sitcom foi inovado pela mente criativa de Will Forte, ao expandir a comédia para todo o tipo de cenários sem a ação ter de se passar necessariamente entre quatro paredes. As prestações hilariantes de Forte e Kristen Schaal vão criando momentos fantásticos e a química entre ambos é sublime. É uma série original, com piadas para todo o tipo de gostos, com dois protagonistas carismáticos e muita loucura à mistura… não há nada a não gostar!
Daredevil: Matt Murdock é um advogado de Hell’s Kitchen que inicia um negócio com o seu amigo Foggy. Matt é cego, mas todos os seus restantes sentidos estão altamente desenvolvidos, o que desperta nele uma necessidade de salvar os inocentes que são vítimas dos muitos vilões que habitam os becos escuros de Hell’s Kitchen. Um dia, a jovem Karen Page é incriminada por um crime que não cometeu e Matt e Foggy agarram a oportunidade para a proteger sendo que, mais tarde, descobrem que Wilson Fisk (conhecido por Kingpin), o manda-chuva da máfia, está ligado a este evento e a cidade corre perigo.
Porque é Daredevil uma das Melhores Estreias do Ano?
Depois de uma péssima performance no cinema, a Netflix conseguiu resgatar este super-herói mascarado e tratá-lo da mesma forma que Christopher Nolan tratou Batman no cinema, através da humanização de um herói e, melhor ainda, do seu vilão também! Com um elenco de luxo e performances exímias de Charlie Cox e Vincent D’Onofrio, o Diabo de Hell’s Kitchen atinge o auge das suas adaptações na 7.ª arte. Batalhas bem filmadas, banda-sonora palpitante e ação frequente, Daredevil não desilude e promete continuar a enriquecer as aventuras de Murdock e companhia.
The Man in the High Castle: E se Adolf Hitler tivesse ganho a 2.ª Guerra Mundial? Esta é a pergunta que The Man in the High Castle lança ao público. Vislumbres de uma América do Norte controlada pelo Reich Nazi e pelas forças militares japonesas em que um simples filme pode despoletar uma nova guerra e é aqui que Juliana Crain se vê encurralada. Entre mostrar ao mundo o que podia ser uma América livre e ser abatida à primeira oportunidade, Juliana junta-se a Joe Blake numa demanda para solucionar o problema da ocupação, ao mesmo tempo que o Japão e a Alemanha se vão espezinhando um ao outro.
Porque é The Man in the High Castle uma das Melhores Estreias do Ano?
Porque aproveita em todo o seu esplendor a obra de Philip K. Dick que, através de uns toques de ficção científica, lança uma questão hipotética interessante e cuja execução foi feita de forma profissional. Isto para dizer que os valores de produção da série são absolutamente magníficos e o retrato de uma América liderada pela tirania é extremamente detalhado. A Amazon ganha nome para o seu primeiro blockbuster televisivo e tem todos os elementos necessários para triunfar no futuro, assim que brinca com acontecimentos históricos de forma não ofensiva e aposta no seu universo com carinho e dedicação.
Humans: Os Synths são versões computorizadas muito aproximadas dos seres humanos. Robôs que foram criados para desempenharem as mesmas funções, ocuparem postos de trabalho, fazer as lidas domésticas, até mesmo para satisfazer as fantasias mais doentias de cada um, etc… a única coisa que não possuem é alma ou, pelo menos, assim pensávamos. Os Hawkins encomendam o seu primeiro Synth, ao qual chamam Anita. Depois de algum tempo, Anita começa a desenvolver comportamentos atípicos às suas funções ordinárias, o que começa a interferir com a vivência dos Hawkins.
Porque é Humans uma das Melhores Estreias do Ano?
Adaptada da série sueca “Äkta människor”, Humans é uma das mais intrigantes surpresas do ano. A sua premissa é ousada, uma versão mais intelectual de O Exterminador Implacável e que, em vez de optar por explosões, promove o desenvolvimento de uma ficção científica simples e de um presente paralelo ao nosso. Não só é fresca e criativa como também projeta a televisão britânica para um patamar de excelência ao recrutar William Hurt para o elenco e ao conferir sentimento e emoção a um enredo aparentemente frio e sem grande pujança. É talvez o clima de suspense, a abordagem simplista do conceito sci-fi ou mesmo a desconfiança que incute nas suas personagens que nos faz render à sua história. Fortemente adorada pela crítica, Humans é uma série a não perder.
Mr. Robot: Elliot Alderson é um hacker sublime e, ao navegar pelos segredos mais obscuros das pessoas que o rodeiam, desenvolve uma espécie de depressão social e recorre a uma psicóloga para o ajudar. Ele trabalha para uma empresa de segurança cibernética, mas devido ao seu historial é recrutado posteriormente para uma equipa de hackers denominada “fsociety”, liderada pelo enigmático Mr. Robot. A missão é simples, destruir a empresa Evil Corp que é responsável por muitas das catástrofes mais arrasadoras do mundo, e que é a empresa que Elliot protege durante o seu trabalho diurno. Conseguirá Elliot controlar os seus problemas de integração social e ajudar a fsociety? Que repercussões terá a longo prazo na sua vida?
Porque é Mr. Robot é uma das Melhores Estreias do Ano?
Mr. Robot é um visceral exercício de televisão contemporâneo que aborda uma temática atual e é executado com pormenor e ambição. Socialmente pertinente e dramaticamente complexo, Mr. Robot é a afirmação de que estamos, de facto, na era dourada da televisão e onde um ator relativamente desconhecido ascende ao estatuto de estrela quase que instantaneamente. Resgatando um muito embaciado Christian Slater e contado na primeira pessoa por Rami Malek, a série assume-se como um conto pesado, tratado com uma mestria inigualável. Transpira qualidade por todos os poros e reflete sobre temas importantes com base numa ideologia palpável e com grande impacto social.
Narcos: Pablo Emilio Escobar é um traficante de droga que ganha mais dinheiro do que a Google em menos tempo. É um bon vivant colombiano que não tem medo de quem o possa apanhar nem das consequências do seu crescimento político, muito pelo contrário, consegue esquivar-se sempre da polícia e dar o seu parecer ao povo colombiano como um justiceiro. Mas os investigadores Steve Murphy e Javier Peña foram indicados para tratar de Escobar e prometem não lhe facilitar a vida.
Porque é Narcos uma das Melhores Estreias do Ano?
Narcos é uma aposta curiosa da Netflix que se lançou num meio alheio ao seu foco normal de entretenimento. Conseguiu criar uma série soberba com recurso à equipa brasileira de Tropa de Elite e em torno de um período histórico conturbado. Não só é Narcos uma série facilmente apelativa aos olhos do público em geral, como se destaca pela ousadia e pela abordagem pessoal à vida de Pablo Escobar, que é encarnado por Wagner Moura. Com Pedro Pascal e Boyd Holbrook a acompanhar a brilhante performance de Moura, Narcos é definitivamente um colosso desta nouvelle vague de séries e que promete continuar a deliciar os seus fãs por algumas temporadas.
Jessica Jones: Jessica Jones é uma investigadora particular autodestrutiva que se alcooliza frequentemente para se afastar de memórias que a assombram. Após uma tentativa fracassada de se tornar heroína, Jones ganhou uma personalidade amarga e nem mesmo para os seus amigos é simpática ou aprazível. No entanto, um indivíduo do passado força-a a mudar de atitude e a proteger as mulheres indefesas que ele ataca, deixando Jessica novamente numa posição heróica.
Porque é Jessica Jones uma das Melhores Estreias do Ano?
Ao lado de Daredevil, Jessica Jones é um exercício fenomenal de televisão. Combina uma história com base no film noir para enaltecer um herói enfraquecido – neste caso uma heroína – por um passado problemático e vai adornando a narrativa com alguma cor e intriga através de um vilão carismático (praise David Tennant!). Não só a série se assume como uma fantástica epopeia feminista, como também opera de forma muito criativa ao expor as fragilidades da sua protagonista. Posto isto e aliando à apresentação de Luke Cage no universo da Marvel, Jessica Jones é absolutamente imperdível para quem gosta de uma boa história clássica e que veja um super-herói pelo seu valor pessoal e não pelos seus “super-poderes”.
Sense8: Nomi, Riley, Kala, Sun, Capheus, Will, Wolfgang e Lito não se conhecem, mas estão interligados uns aos outros. Eles são humanos, mas têm capacidades que vão muito além das dos restantes mortais. Com a morte de uma misteriosa mulher com a qual também partilham uma ligação, estas oito pessoas começam a relacionar-se ‘mentalmente’ e a descobrir coisas sobre eles próprios, os outros, mas também sobre o perigo que envolve a sua ‘condição’. Aliando as competências de cada um, eles vão tentar sobreviver e proteger os seus. Cada episódio se torna mais viciante do que o outro, alternando a história dos vários personagens à medida que vamos obtendo respostas e chegamos ao final da temporada.
Porque é Sense8 uma das Melhores Estreias do Ano?
Ao juntar oito personagens dos mais distintos pontos do planeta, Sense8 aventura-se por um caminho de diversidade cultural que não vemos em mais nenhuma série. Desde o Quénia, passando pela Islândia, Coreia do Sul, Alemanha, Índia, México e finalmente Estados Unidos, há personagens para todos os gostos, sem esquecer a abordagem de temas atuais como a homossexualidade e a transsexualidade. Apesar de ter uma componente de ficção científica, a série consegue captar fãs que habitualmente não são apreciadores do género, na medida em que aposta na evolução dos personagens e na qualidade da narrativa, aliadas a uma fabulosa realização.
Menções Honrosas:
Master of None: Uma viagem intimista pela vida de Dev, uma versão empobrecida do próprio autor e ator da série, Aziz Ansari, que aborda questões da vida com uma simplicidade carinhosa e ternurenta e que fará as delícias de todos os que gostam de humor inteligente.
Fresh Off The Boat: Uma comédia original e multicultural que arranca uma moral fantástica e gargalhadas constantes através do conto de Eddie Huang e da integração da sua família em Orlando. A transição de costumes e a prestação de Constance Wu tornam esta série numa das mais originais comédias do ano.
UnREAL: Este é outro exercício magnífico de televisão e que passou ao lado de muitos. A história que acompanha a produção de um reality show e das cruéis vivências que não conhecemos atrás das câmaras é um triunfo em todos os níveis e, não só consegue estabelecer de forma brilhante a distância entre televisão documental e ficcional, como também caminha para uma importante mensagem social que normalmente não se associa ao “colorido” que se vê na televisão.
E para ti, qual foi a melhor estreia deste ano?