Contém SPOILERS!
Rosewood, série que estreou na Fox por terras do Presidente Obama no passado dia 23, acompanha a vida de Beaumont Rosewood Junior (Morris Chestnut), um patologista privado que trabalha na paradisíaca Miami. Caracterizar esta série por género pode ser mais complexo do que originalmente julgava… temos uma fusão entre dramas policial e médico, fortemente condimentado com comédia.
Rosewood vai buscar o nome ao personagem central. Trata-se de um homem bem-sucedido, que aparenta estar por volta dos 40 anos, mulherengo, que vive a vida ao máximo de forma a disfarçar o seu maior medo: a morte. Na cena inicial, em que ele corre em tronco nu, apercebemo-nos de uma cicatriz enorme, fruto de um problema de saúde complicado, já que Rosewood foi um bebé prematuro. Pelo discurso cliché do patologista, a sua condição médica não o deixará viver muito mais do que dez anos. Temos então aqui uma maneira forçada de tentar com que o público tenha empatia pelo personagem.
O cliché em torno de Rosewood vai crescendo ao longo do episódio: primeiro quando ele, em segundos, descobre a causa da morte de um suicida que a polícia está a investigar; depois quando tropeça na detetive Annalise Villa, uma mulher jovem que venceu cedo na sua profissão. Trata-se de alguém com uma personalidade forte que perdeu o marido e, por isso, mudou-se de Nova Iorque para Miami. Rosewood e Villa vão formar uma dupla improvável que, embora ande sempre às turras, acaba por ser demasiado eficiente.
No fantástico laboratório de Rosewood trabalham apenas mais duas pessoas: Pippy Rosewood, a irmã do patologista, e a noiva dela, Tara Milly Izikoff. Mais uma situação mal desenvolvida, como é que um dos laboratórios forenses mais desenvolvidos da cidade funciona apenas com três pessoas? É no laboratório que conhecemos Donna Rosewood, a mãe do patologista. Ela vem com um pedido insólito para o filho: que ele investigue a morte de uma das suas ex-alunas, a situação que o vai ligar a Villa, recém-transferida para Miami.
A situação termina após uma investigação mirabolante que culmina com a prisão do verdadeiro criminoso. Tivemos então um episódio piloto que demonstrou a dinâmica dos episódios que se seguem: a detetive Villa vai consultar Rosewood todas as semanas, com um caso diferente, que o patologista irá ajudar a desvendar com a sua perícia enquanto debita piadas e demonstra o quão poderoso é o seu ego.
Veredito: a série não traz nada de novo nem de original… a determinada altura, parecia que estava a ver Forever em versão afroamericana. A banda sonora começou poderosa, mas a determinada altura começou a parecer demasiada forçada, um bocadinho de música a menos, ou até se baixassem o volume, tornar-se-ia mais agradável. O elenco até é bom, mas repetir, pela enésima vez, uma dupla com personalidades fortes que andam constantemente às turras, mas que até nem vivem um sem o outro, já está fora de moda. A série não é má de todo, mas também não é excelente e facilmente perderá credibilidade assim que os curiosos que viram o piloto se aperceberem que o desenrolar dos episódios será demasiado previsível. Arrisco-me a mencionar que Rosewood terá grandes dificuldades em conquistar uma segunda temporada.
Rui André Pereira