[Contém SPOILERS]
Depois do disfarçado recap a semana passada, How To Get Away With Murder voltou. Com informação nova. Um pouco mais do que a sua capacidade de gerir, talvez.
Mas uma coisa de cada vez. Na semana passada foi introduzida uma personagem nova, a irmã do Sam, Hannah, interpretada pela Marcia Gay Harden. E muito bem-vinda seja ela. A Viola Davis é fantástica, como todos sabemos. O único problema disso é o desequilibrado que o elenco se torna quando compete com super-acting-powers dela. Agora a Marcia Gay Harden é outra atriz de imensa capacidade e para qualquer dúvida, vejam outra vez aquela última cena do episódio, ao jantar. Aquilo foi um duelo de titãs!!
HTGAWM tem uma apetência especial (está mais que visto) pela narrativa não linear. “Best Christmas Ever” ao longo do episódio visita as férias de Natal da maioria dos personagens através de flashbacks. O episódio abre com a Annalise, a passar esses dias a repetir a mesma rotina: dormir, beber vodka, dormir, repeat. Como os restantes personagens envolvidos no assassinato, começamos a ver a Annalise a ruir. E como a advogada é a personagem mais desenvolvida, também é a com que mais conseguimos empatizar. O “ruir” é mais subtil por isso mesmo. Ao contrário de certas personagens, cujos flashbacks tiveram uma qualidade mais flashy.
A Laurel, por exemplo, no jantar de família fez uma cena, porque a família basicamente não estava interessada na vida dela. A propósito de namorar: “I am by the way. Two guys at the same time.” – magnífico! É verdade que foi uma cena flashy e telenovelesca, mas acho que nunca gostei tanto dela! Aquele “feliz navidad”, credo, o meu tipo de miúda!
A Michaella, por sua vez, embebedou-se e fez uma cena num jantar de gala. O Connor mexeu-lhe mesmo na cabeça quando revelou o fling que teve com o noivo dela quando eram miúdos. Ela viu o noivo mais amigável com um homem e atirou logo a pergunta se eles se andavam a comer. #embaraçoso Claro, como qualquer pessoa sana, o noivo adiou o casamento.
O Wes continua um cachorrinho. Tem tido pesadelos. Qualquer coisa a ver com ter assassinado um homem, presumo. Ele começa a sentir que está a enlouquecer, linha de narrativa que eu geralmente ficaria super entusiasmado com, mas….o Wes continua um cachorrinho. Será Alfred Enoch capaz de uma performance nessas linhas? Voltaram a focar as marcas que o antigo inquilino do apartamento do Wes deixou. E até receberam uma carta dirigida a ele. Foi das coisas que mais me marcou neste episódio, porque foi um mistério que já me cativou logo no primeiro episódio. É bom ver que não foi esquecido e tenho expetativas em relação ao assunto. Será possível que esse rapaz até esteja relacionado com o assassinato da Lila? Seria genial!(?)
Deixei para último o Connor porque na review passada referi o quanto os casais nesta série não me convencem. A verdade é que de alguma forma o Oliver e o Connor me convenceram neste episódio. Muito por mérito do Conrad Ricamora, cuja cena aquando lavava a loiça executou muit, muito bem. Mas não só isso, a escrita em torno de ambos está a ficar progressivamente envolvente. O Connor no jantar de família a dizer à irmã que tinha um namorado, apesar de o estabelecer como um bocado creepy, tal como todas as interações que teve com o Oliver, foi também algo nuançado para o personagem. O trauma do homicídio tornou o Connor vulnerável e ele sente-se a precisar de alguém. Já quando ele traiu o Oliver e levou com os pés, se notou que o personagem tinha perdido algo de importante, e o trauma apenas magnificou esse sentimento.
Voltámos a ter também caso da semana, e foi por isso que me comentei que o episódio voltou com mais do que consegue gerir. Como sempre, são muitas personagens para se focar e HTGAWM fê-lo a todas ao mesmo tempo. Um pouco demais, porque o caso semanal perdeu-se um pouco. A cliente, Jackie, foi cúmplice no abuso de duas crianças que o marido mantém reféns na cave. A nuance é que ela própria foi vítima de abusos. HTGAWM ainda lida com a potencial culpa dela de forma nuançada, com a deixa da Annalise “That’s the cycle of abuse”. Mas a determinada altura descobre-se que ela escondeu a primeira filha de uma das reféns para a criar ela. Embora também para a salvar dos abusos do marido. No meio de tanto para absorver no episódio ficamos com muito pouco tempo para criarmos um julgamento nós, se ela era uma salvadora ou um mostro. Somos reduzidos a seguir o julgamento da Annalise que inicialmente a defende, mas depois a destrói. Mesmo as dúvidas dos alunos em relação ao primeiro instinto da Annalise em proteger a mulher (certamente por empatizar devido à sua própria situação), foram tratadas muito em cima do joelho. É possível ser um bom drama e ser telenovelesco/sensacionalista, mas HTGAWM ainda não consegui achar o ponto de equilíbrio que lhe permita ser verdadeiramente bom a fazê-lo. Ou pelo menos razoável que chegue (ver Empire).
Apesar de pontos fracos, o episódio foi bem melhor que o episódio passado e convenceu-me muito mais! Voltou a recuperar alguma da minha boa fé.
Cliffhanger: o corpo do Sam foi descoberto porque CLARO! Connor, seu idiota!
Outras coisas:
– Cada vez percebo menos disto da Bonnie e do Sam e da Annalise. Alguém me faz um desenho? “I know how special you were to Sam.”, disse a Hannah. Que diabo? Há limites para o quanto se pode prolongar mistérios e ambiguidades…
– A Laurel continuou a surpreender-me ao incentivar o grupo a falar de forma a gerir a situação que está a passar. O Connor por sua vez que não se cuide porque tem todos os jeitos de ser o elo mais fraco. Sim, até mais que a Michaella.
– O Frank e o Asher são BFF agora? Okay….
Nota: 7.5/10
André F Dias