Estreou hoje na SkyShowtime a 1.ª temporada de Hysteria! e encerra este meu ciclo de novas séries de terror que tão bem assentou nesta época de Halloween. Anos 80, satanismo, heavy metal, assombrações e drama teen, terror, comédia, sátira… tinha tudo para correr mal, pensava eu, mas não é que resultou? Todos os elementos foram ligados de forma orgânica e resultaram numa série bastante engraçada e apelativa. Fui ver o primeiro episódio depois de o trailer me ter despertado sentimentos mistos e dei por mim a passar de um episódio para o outro.
É verdade que, a meio da temporada, a série perde algum fulgor; a novidade e a boa surpresa esbatem-se um pouco. No entanto, nunca deixa realmente de ser interessante e bom entretenimento. As escolhas para o enredo não são óbvias, fogem de alguns clichés, reforçando apenas os que de facto têm que existir para retratar todo aquele universo fielmente. É uma série única, com um estilo muito seu, muito demarcado e reconhecível em qualquer lado. Talvez a única série que me recordo que se assemelhe seja True Blood, que, até ao momento, ainda é a grande vencedora no quesito de juntar sátira e terror. São ambas peculiares, com um humor muito próprio e na mouche no universo que cada uma retrata.
Em Hysteria!, as personagens são datadas, mas surpreendentemente refrescantes. Nunca agem exatamente como esperas e quando o fazem, resulta na perfeição. O elenco adulto, mais renomado, cumpre muito bem o seu papel. São até caras conhecidas deste tipo de comédia satírica ou horror com humor, como Julie Bowen e Bruce Campbell, mas as grandes estrelas são o trio de protagonistas adolescentes, carismáticos e, sem sombra de dúvida, a alma da série – não admira o diabo andar atrás deles!
E aquela banda sonora… claro que, numa série sobre bandas de heavy metal, no fim dos anos 80, era obrigatório colocarem os clássicos todos, mas gostei do modo como tentaram enquadrar a música com o que se passava na própria série, como se esta fosse um personagem por si só ou, em alguns casos até, um artificio para contar a história, o próprio argumento. Boa opção.
Como referi acima, a meio da temporada perde-se um bocado. Os episódios são longos e a história podia ter sido mais condensada para não termos uns episódios mais arrastados. Ainda assim, compensaram com reviravoltas (umas melhores que outras, umas mais previsíveis), mas, analisando tudo, renderam bons momentos.
No geral, esta 1.ª temporada de Hysteria! conquistou-me com as suas peculiaridades. Misturaram bem os elementos, construíram uma história divertida, coesa e que nos deixava sempre a pensar se o que víamos era real ou não. Se era tudo apenas histeria ou se, de facto, algo assombroso estava a desenrolar-se nas trevas.
Assim, depois de Grotesquerie, que não me convenceu, e de Teacup, que foi uma agradável surpresa, esta época de Halloween fechou-se com chave de ouro no que diz respeito a novas séries, encerrando com uma excelente 1.ª temporada de Hysteria!.
Melhor episódio:
Episódio 1 – Hysteria – Alguns episódios foram bastante bem conseguidos, com reviravoltas intrigantes que me faziam querer continuar a ver para desvendar o que realmente se passava. No entanto, não posso deixar de destacar o piloto, pois foi este que me conquistou e me fez dar uma verdadeira oportunidade à série e levá-la a sério. Neste primeiro episódio, as personagens mostram ao que vêm e do que são capazes, captando a nossa atenção de imediato. Mais importante ainda, estabelecem tanto a atmosfera geral como o enredo de forma sólida. E quando pensamos “ok, já percebi o tom disto, para onde vai agora?”, ainda há tempo para um último momento que nos deixa na dúvida sobre o que está realmente a acontecer e que nos ficará na mente até ao último episódio.
Personagem de destaque:
Dylan Campbell (Emjay Anthony) – A grande surpresa da série é, sem dúvida, o carismático protagonista, que combina na medida certa a inocência, curiosidade, inventividade e uma dose de ingenuidade típica de quem experimenta o primeiro amor. Mete-se em situações complicadas, mas sempre com o coração no lugar certo. Preocupa-se com os amigos, com os pais e mesmo quando não toma as melhores decisões, conseguimos entender as suas motivações. E, mais importante para a série, convence como um metaleiro relutante.