Na passada sexta-feira, foi exibido no Tribeca Festival o primeiro episódio de Azul, a nova série da OPTO. A sessão contou não só com o screening do episódio, mas também com um Q&A aos atores e realizador da série, após a exibição.
A ideia para este projeto nasceu quando Pedro Varela, o realizador, e Marco Paiva, que dá vida a Américo, decidiram contar uma história sobre inclusão. Com esse pano de fundo, rapidamente surgiu Olívia, a personagem construída a pensar em Leonor Belo, com quem o realizador se tinha cruzado há quatro anos.
Segundo Pedro Varela, Azul é um projeto de capacitação, que procura incluir artistas com deficiência. Mas esta não é a única temática explorada nesta série de ficção científica.
Azul passa-se num futuro distópico, com o mundo profundamente afetado pelas alterações climáticas, que parecem ter provocado a extinção das baleias, que há mais de um ano não são avistadas no oceano. É quando uma baleia sem vida é avistada na costa que a esperança é reacendida. É neste cenário que Olívia, uma rapariga de 18 anos com trissomia 21, está determinada a embarcar num projeto de voluntariado de proteção marinha nos Açores, onde se junta a um grupo de ativistas ambientais para trazer de volta as baleias.
Este é um projeto ambicioso, com vários apontamentos de futurismo muito bem conseguidos. Se este projeto se destaca, à qualidade dos efeitos especiais se deve. O episódio abre com a figura de uma baleia que tudo tem para ser verdadeira, mas obviamente não o é, até porque estamos aqui para salvá-las.
Contudo, se, por um lado, Azul é capaz de construir um universo futurista de uma forma realista, por outro, peca nos diálogos que por vezes parecem algo forçados e fazem pouco do espectador, que não necessita que certas coisas sejam enunciadas.
Os temas musicais são igualmente importantes, quando se conta uma história, para a construção da sua atmosfera. Pelo que vi, a série procura ter momentos de quase ligeira comédia, daí a utilização de um tema também ligeiro, que reconheci como sendo um dos mais recorrentes da série H2O. Embora reconheça a intenção, a escolha parece pouco sofisticada. É bastante contrastante com os momentos de maior tensão entre os personagens, o que coloca em causa a credibilidade da ação.
Azul não é perfeita, mas aquilo que nos quer contar é de grande valor social. A série deverá estar disponível a partir da última semana de outubro, só na OPTO.