Respira é a mais recente aposta médica espanhola da Netflix e foi criada por Carlos Montero, conhecido autor de várias séries do serviço de streaming como Élite, Feria, El Desorden que Dejas (A Desordem que Deixas) e Todas las Veces que nos Enamoramos (Sempre que Nos Apaixonamos).
A trama da série passa-se num hospital público em Valença e foca-se na pressão que os profissionais de saúde sofrem diariamente, bem como os constrangimentos que existem no serviço nacional de saúde, neste caso de Espanha, mas que é bastante relacionável com a nossa situação em Portugal. Este tema da saúde pública versus privada tem uma evolução promissora e credível durante a temporada e é um fator diferenciador daquilo que estamos habituados a ver nas séries médicas americanas, que se regem por outro sistema de saúde.
O elenco, liderado por Manu Ríos, Najwa Nimri, Blanca Suárez e Borja Luna, cumpre o esperado num drama hospitalar com fortes cenas emocionais e protagonizando vários momentos de grande ansiedade.
Num ponto menos positivo, a série inclui demasiados casos médicos paralelos ao tema central em apenas oito episódios. Apesar de serem relevantes, não existe espaço e tempo suficientes que permitam desenvolver e aprofundar a maioria deles. Infelizmente, muitos acabam por passar despercebidos no meio da temporada.
Para além disso, o enorme cliffhanger dos últimos minutos do episódio final é completamente desnecessário. Fico sempre triste quando as séries acham que precisam de recorrer a este tipo de “manipulação” como forma de manter o interesse para a temporada seguinte, que muitas vezes não é garantida. Respira ainda não tem confirmação de 2.ª temporada, mas a série tem tido bons valores de visualização na Netflix, o que é um ótimo indicador.
No geral, Respira é uma série médica com uma forte componente política e humana, e que apresenta uma 1.ª temporada mais do que aceitável. Para quem gosta deste género, não se vai arrepender de dar uma oportunidade.
Melhor episódio:
Episódio 2 – Bom Médico – Não considero que nenhum episódio se destaque de forma clara, mas este segundo inclui um dilema ético bastante interessante da parte de uma médica para com a sua paciente, uma adolescente que sofre uma agressão sexual.
Personagem de destaque:
Rodri (Víctor Sáinz) – Rodri representa os médicos no início de carreira e as pressões a que são sujeitos por terem que provar que merecem o lugar onde estão. No caso dele ainda é mais notório, porque seguiu esta carreira para agradar aos pais e, apesar ser um médico competente, não seria algo que tivesse escolhido para si. O percurso desta personagem faz dele o catalisador da ação principal da série.