A nova minissérie da Netflix, Ripley, faz, sem sombra de dúvida, uma homenagem a 1955, época em que o livro na qual se baseia foi escrito. O primeiro episódio é uma réplica do cinema noir, utilizando elementos como o preto e branco, deixando a palete dos cinzentos para a composição das personalidades dos personagens, ângulos tortuosos, repetitivos (quantas imagens do protagonista, Andrew Scott, precisamos de ver enquadradas com arcos?) e dando muito mais uso à imagem do que ao som (leia-se, palavras).
É certo que ainda é apenas o primeiro episódio da minissérie e que a preferência foi dar ênfase à construção da personagem, bem como explorar a sua psique complexa e atormentada, sem adentrar muito na história em si, dando apenas a premissa básica. No entanto, o episódio apenas me pareceu aborrecido. A falta de ritmo pode tornar a série exaustiva para quem não é fã desta vertente cinematográfica. Percebendo que a intenção era diferenciar esta versão, destacá-la das demais, não estou certo de que tenha sido a abordagem mais cativante. Se gostas deste tipo de estética, Ripley, da Netflix, é sem dúvida feita à tua medida. Se não, ou acelera nos capítulos seguintes, ou oito episódios nisto vai tornar-se rapidamente cansativo.