A Comic Con Portugal alcançou um marco muito importante, celebrando os seus 10 anos. Já temos, oficialmente a contar com a edição virtual durante a pandemia, uma década de Comic Con em Portugal. E não haveria melhor forma de a celebrar do que regressando à casa onde nasceu, a Exponor.
O espaço da Exponor é, sem margem para dúvidas, muito mais adequado à realização destes eventos. Os pavilhões estavam, no geral, bem organizados, havendo um dedicado a Gaming e Cosplay, um para ativações e Live Stage, outro para os painéis e Food Court e depois a área de Artists’ Alley, venda de produtos e outros. A própria sala de imprensa estava bem preparada, tendo sido recebidos com águas, café e ainda bebidas variadas nos diversos dias do evento. Face às condições de trabalho do MEO Arena, a Exponor deixa a imprensa mais bem servida. Aliás, as conferências de imprensa e as entrevistas eram numa zona à parte, o que facilitava não haver barulho do resto do evento, além de ter imensa luz natural.
A afluência de quinta e sexta deixou muito a desejar, tendo sido dias muito calmos, mas tudo foi compensado no sábado, que se tornou dos dias mais movimentados de sempre da Exponor, com filas intermináveis de pessoas para entrar. O espaço de ativações, apesar de ter algumas giras, tinha muitas coisas parecidas ou iguais ao ano passado e o mais recorrente eram ativações para tirar fotografias para as redes sociais, o que não é muito original, nem cria muita interação para os visitantes. Por outro lado, a área de Gaming estava maior e mais bem equipada, assim como as condições dadas aos Cosplayers, uma vez que dentro de um pavilhão estão mais protegidos das condições atmosféricas. O facto de o recinto ser fechado torna-se super versátil, pois se a Comic Con quiser apostar numa edição no inverno no futuro, não há o problema com o clima.
A nível de convidados e painéis da área Cinema e TV, a listagem dos que passaram ao longo destes quatro dias foram:
Não foi um mau leque de nomes. Contudo, e em comparação com anos anteriores, sentimos que faltou um grande destaque, um cabeça de cartaz que atraísse mais pessoas ao evento. Podes ler tudo o que escrevemos sobre cada um dos convidados clicando nos links acima. Ainda tivemos oportunidade de entrevistar Raymond Lee, graças ao Syfy Portugal, e Finn Jones, o que agradecemos à organização da Comic Con Portugal. Estas duas entrevistas também serão publicadas no YouTube do Séries da TV.
Apesar da lista de convidados de Cinema e TV deixar algo a desejar, houve outra área de grande investimento na Comic Con, a de Literatura e BD. Já o ano passado, grandes escritores como Joe Abercrombie (podes ver a nossa entrevista aqui) ou Paula Hawkins passaram por lá e este ano tivemos o prazer de contar com Samantha Shannon, M.G. Ferrey, A.R.B. Ruano, Mike Grell (criador da BD de Arrow) e Ryan Oatley (cocriador de Invincible). Haver um maior investimento nesta área é algo que faz falta em Portugal, pelo que é de louvar e ver que este investimento esteja a acontecer.
O habitual concerto da Lisbon Film Orchestra voltou a deixar-nos maravilhados e nostálgicos com a sua performance Hollywood in Concert. Houve também duas antestreias (Interview with the Vampire e Mayfair Witches, do AMC Portugal) e uma área Corporate. Foi muito bom ver a organização a retroceder no investimento de YouTubers e TikTokers (que não é o core do público de uma convenção destas) e mudar esse investimento para a área de entretenimento televisivo nacional. Tivemos a presença de painéis sobre quatro séries da RTP, um da TVI, um da SIC e ainda um para o fenómeno do Taskmaster.
Desta vez também existiam uns cafés espalhados pelo recinto para quem preferisse optar por algo mais leve e barato do que a comida, mais cara, das roulottes do Food Court. Esse equilíbrio também é positivo. Por último, o Live Stage poderia ter tido mais dinâmica, uma vez que não existiu sequer um anúncio nem uma música quando os convidados entravam, tornando o arranque das sessões um pouco parado e estranho.
Ainda não foi revelado quando nem onde será a próxima edição. O que avançaram à imprensa, em primeira mão, foi que surgirá em breve uma Comic Con Kids: Power Camp, um novo projeto previsto para entre este ano e o próximo. Será um evento móvel cuja ideia é vir a ter mais do que uma edição anual e focada num público mais jovem. Este evento irá ter um campo de super-heróis com vários desafios físicos, mentais e de personalidade, com o objetivo de ensinar conceitos como a bondade, cooperação e partilha e onde, no final, é revelado o nome de super-herói dos participantes, assim como a sua fraqueza e o seu poder. Um conceito interessante para as famílias.
De forma geral foi uma edição positiva, que apresentou evolução desde a anterior, com a organização a mostrar que ouviu algumas das queixas e trabalhou nelas, conseguindo melhorar o nível da experiência. Agora, esperamos que a próxima mantenha este nível como base e volte a trabalhar noutras coisas, como uma lista de convidados com mais renome e relevância atual, bem como em anúncios com maior antecedência.