Quem nunca se deu por si a olhar para o lado e ver imensos casais e começar a pensar que é a única pessoa sem sorte no amor? Pois é, aqui em Yoh! Christmas temos mais uma série que nos vem falar sobre os problemas dos namoros dos dias de hoje e sobre a pressão em encontrar alguém.
Thando é uma jovem de trinta anos que tem tudo menos um namorado. Ela é fisioterapeuta, tem o seu grupo de amigos e uma grande família. Só não tem namorado o que para este plot é muito importante. Toda a gente à volta de Thando está casado e tem filhos. O seu irmão mais novo tem dois filhos e estão gémeos a caminho o que, para a mãe de Thando, é mais o motivo para pressionar a filha para arranjar namorado. Thando teve uma relação que acabou mal e adivinhem só, o ex-namorado casou e tem um filho. Resumindo, a vida dela é uma tragédia e é nesse momento que Thando diz à família que sim, que finalmente arranjou namorado e que o vai levar para passar o Natal com ela e a família. Todos ficam felizes e orgulhosos menos Thando que tem agora pouco mais de vinte dias para arranjar um namorado a sério.
Bom, já devem ter percebido que a história não me agradou! Percebo sim que existe uma pressão social que nos força a ter que ter alguém. Percebo que os trinta são uma idade estranha porque hoje em dia ainda é sinal de juventude mas para os mais velhos é sinal de que é preciso estabilidade. E claro, não sou mulher mas acredito que a pressão de ter filhos deve algo exaustante e que infelizmente ainda está entranhada na sociedade. Mas tenho de ser sincero e dizer que não gostei nada da forma como a série abordou estes temas.
Yoh! Christmas faz do seu primeiro episódio uma maratona de chacota à Thando. Estamos a falar de uma mulher de trinta anos que tem o seu trabalho e a sua vida mas fazem parecer como se a vida dela fosse um desperdício só porque não tem namorado. A família trata-a mal. O irmão trata o ex-namorado dela como se fosse um ídolo e a própria chefe decide metê-la a trabalhar no dia de Natal porque ela não tem namorado então não tem ninguém à espera dela. Para mim todos estes pontos são ridículos e o argumento ainda piora fazendo cenas clichés de homens a serem absolutamente horríveis com ela e uma cena que para mim mostra o nível de preguiça que é o irmão e a esposa, que já têm dois filhos, revelarem que vão ter gémeos para mostrar ainda mais que aquele filho deu à mãe quatro netos e a filha nenhum.
Não quero transformar esta review numa intervenção social. Não estou a defender causa A ou B. Estou só a avaliar o argumento, o seu contexto e o tempo é que é lançado e nada disto faz sentido. Sinto que pegaram num tema interessante que são as dificuldades dos relacionamentos modernos e da pressão sobre os mesmos e juntaram todos os clichés possíveis para tornar Yoh! Christmas numa comédia romântica que de romântica não tem nada e não tem faz rir em momento nenhum. Não sei como é que a série vai acabar. Se a Thando vai encontrar alguém que finja ser namorado dela e depois se apaixonam perdidamente. Se ela vai ter vários pretendentes e só no fim é que descobrimos quem é que ela escolhe. Ou se ela vai dizerem a toda a gente que não precisa de ninguém e que isso não faz dela menos nem mais do que os outros. Possivelmente será algo dentro destas possibilidades mas a verdade é que este primeiro episódio deixou-me realmente sem vontade de ver mais. Acho que qualquer pessoa que se identifique com esta pressão social, gostaria de ver a sua situação retratada de uma outra maneira.
Espero que não levem a mal o meu desabafo. Não tenho intenção de ser rude com ninguém. Realmente achei que este tema podia e devia ser tratado de outra forma mas se acham o contrário, está tudo bem com isso. A série, que conta com seis episódios, é uma versão sul-africana de Home for Christmas e Detesto o Natal, as três disponíveis na Netflix.