Estreou na passada quarta-feira a nova série policial da RTP, Braga. Com autoria de Tino Navarro e realização de Pedro Ribeiro, esta ficção tem início com a chegada a Braga de um jovem padre que trabalhará com a comunidade cigana de um bairro desfavorecido e conta a história de um homicídio que ocorre na cidade. A narrativa lida com temáticas como a xenofobia, a Igreja e pedofilia.
É notório que as palavras de ordem nesta série são inclusão e representatividade, a começar pelos personagens de etnia cigana, Carmen e Bonifácio, interpretados pelos atores Maria Gil e António Nunes, pertencentes à comunidade. O primeiro episódio de Braga é suficiente para mostrar que a narrativa é centrada na comunidade cigana e as dificuldades que esta enfrenta na nossa sociedade, tema que acredito ser pertinente. Porém, do pouco que vi, a representação da comunidade cigana parece-me ser feita de maneira pouco crítica e de forma muito linear. Há, certamente, formas mais subtis de abordar a relação desta minoria com a restante sociedade portuguesa, que na série me parece ser trabalhada de forma pouco realista.
Os diálogos são demasiado expositivos com críticas óbvias, o que arruína o desempenho dos atores, que deixa muito a desejar. A banda sonora, que acompanha grande parte do episódio, produz um efeito demasiado melodramático que, a meu ver, apenas contribui para um tom novelesco, reforçando a artificialidade das cenas.
O episódio termina com questões que ficam por responder nos próximos episódios, o que poderia, em teoria, incentivar os espectadores a acompanhar a série. Ainda assim, considero que a falta de realismo que habita esta produção retira por completo toda e qualquer curiosidade que os espectadores podiam, potencialmente, desenvolver pela narrativa.
Para aqueles que quiserem dar uma oportunidade à série, Braga passa todas as quartas-feiras às 21h30, na RTP1, e os episódios ficam também disponíveis na RTP Play.
Créditos da imagem: MGN Filmes